No Centro-Oeste, pesquisa busca soluções para indústria
Parceria entre CNPq e universidade de MS tem foco em problemas reais
FOLHA
A ciência produzida na pós-graduação brasileira nem sempre sai das prateleiras da biblioteca para resolver problemas reais. Por isso, a principal agência de fomento à pesquisa científica do país se juntou a uma universidade federal numa iniciativa inédita de ciência voltada à indústria, e a experiência-piloto será no Centro-Oeste.
A agência federal CNPq vai oferecer 15 bolsas de mestrado e de doutorado em inovação na indústria a alunos da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), além de 20 bolsas da chamada iniciação tecnológica e industrial para quem estiver na graduação da universidade. Os editais para essas bolsas, de acordo com o CNPq, serão abertos ainda neste semestre.
A diferença desse tipo de bolsa em relação às outras, acadêmicas, oferecidas pela agência, é que os projetos de pesquisa dos alunos precisam estar relacionados a soluções para empresas. “Queremos que os cientistas ajudem a resolver os problemas do país”, diz Mario Neto Borges, presidente do CNPq.
Ou seja: em vez de estudar um assunto teórico, o aluno de doutorado da UFMS com bolsa de inovação na indústria vai trabalhar com o setor produtivo local —prática comum nos programas de pósgraduação de universidades de elite dos EUA.
Se a experiência der certo, diz Neto Borges, as bolsas para inovação na indústria devem se expandir para universidades de outros estados. SALA DE AULA Não é coincidência que o primeiro passo desse casamento entre estudantes e o setor produtivo via bolsas esteja sendo dado na UFMS. A universidade está se movimentando para levar temas como inovação e empreendedorismo para a sala de aula.
A partir deste mês, a instituição de ensino vai capacitar em empreendedorismo, no Sebrae, 122 docentes de áreas que vão das engenharias à pedagogia. A ideia, afirma Jardel Mattos, coordenador de empreendedorismo e inovação na UFMS, é que cada docente multiplique os conceitos aprendidos com 40 estudantes em sala de aula.
Isso impacta o ensino e a avaliação dos alunos. “Vamos estimular que os professores façam os alunos cria- rem uma startup —e esse processo valerá como as atuais ‘provas’”, diz Mattos.
De acordo com ele, os alunos já saem do ensino médio com vontade de criar. “Se encontrarem um ambiente propício, as ideias vão fluir.”
Ideias de alunos já fluíram, por exemplo, na UnB (Universidade de Brasília).
Lá, testes feitos no trabalho de conclusão de curso de uma aluna de engenharia eletrônica acabaram resultando numa patente para a instituição, mais tarde licenciada 195 universidades do país são avaliadas no RUF (Ranking Universitário da Folha). O indicador de inovação considera o número de patentes solicitadas de 2006 a 2015 para uma empresa da região, a EasyThings.
A empresa acabou de colocar no mercado uma espécie de relógio, batizado de easyglic, que mede a sudorese e a temperatura corporal. Se houver aumento de transpiração e queda do calor do corpo, o “suor frio”, gera alerta de hipoglicemia (queda do nível de glicose no sangue). Custa R$ 620.
A EasyThings estava incubada na UnB trabalhando em uma solução para problemas cardíacos quando se deparou com a patente. Hoje, a UnB é uma das dez universidades com mais pedidos de patentes no país.
No caso do easyglic, foram dois anos da concessão da patente até o mercado. “A burocracia na universidade é grande, mas sou a prova de que dá pra fazer”, diz Rocha.
A proteção das tecnologias desenvolvidas pela comunidade acadêmica e a sua relação com empresas interessadas em parcerias fica por conta dos chamados NITs (Núcleos de Inovação Tecnológica) das universidades. São espaços obrigatórios no meio acadêmico desde a Lei de Inovação, de 2004.
As parcerias acadêmicas nem sempre ocorrem com empresas locais. A Embrapa Agroenergia, que fica em Brasília, tem trabalhado com startups de Campinas, no interior de São Paulo. A instituição é uma das três do Centro-Oeste, ao lado do Instituto Senai de Inovação em Biomassa e do Instituto Federal Goiano, credenciadas na Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial), com alcance nacional.
Há hoje 42 unidades credenciadas no país.
De acordo com Jorge Almeida Guimarães, diretorpresidente da Embrapii, as unidades da empresa de inovação industrial no CentroOeste, Norte e Nordeste respondem por cerca de 40% do volume de investimentos dos projetos da instituição.
Na prática, esse resultado mostra que a distribuição de recursos para ciência, tecnologia e inovação melhorou no país nos últimos anos: até recentemente, essas três regiões não conseguiam somar 30% das verbas públicas para a área. Para Guy de Capdeville, chefe geral da Embrapa Agroenergia, no entanto, ainda é preciso aumentar o total de recursos em ciência, tecnologia e inovação. “O Brasil investe muito pouco nessas áreas”, afirma.
FOLHA
A cada dois meses os alunos passam por uma avaliação. A partir do resultado da prova, recebem um livro de exercícios com foco nos conteúdos em que tiveram mais dificuldade. Além do material impresso, têm acesso a videoaulas e jogos educacionais em uma plataforma virtual customizada. Por um aplicativo, os pais acompanham toda a evolução em tempo real, pelo celular.
Não se trata de um colégio particular ligado nas inovações tecnológicas. Essa será a rotina pedagógica em 2018 dos mais de 500 mil alunos da rede estadual de Goiás, espalhados por 1.152 escolas.
“Os melhores sistemas educacionais do mundo, além da capacitação do professor, investem em material didático estruturado, produzido de acordo com o potencial, a demanda e o direito cognitivo de cada faixa etária. É isso que buscamos fazer”, explica a secretária estadual de educação de Goiás, Raquel Teixeira.
Era ela também a responsável pela pasta no início dos anos 2000, quando Goiás apresentava um dos mais altos índices de repetência e evasão do país e tinha apenas 32% dos docentes com curso superior. Numa parceria à OLHAR LOCAL Tratar dentro de casa e com os profissionais de casa os problemas que são de casa. Essa foi a fórmula encontrada para engajar os 23,5 mil docentes da rede ao uso da que é considerada a principal ferramenta pedagógica: os cadernos Aprender +.
O material é distribuído a cada bimestre com ênfase no conteúdo em que os estudantes mais apresentam dificuldade. O livro dos alunos traz um compilado de atividades e o do professor, as expectativas de aprendizagem e todos os exercícios resolvidos.
“Quando decidimos produzir o Aprender +, havia uma preocupação em relação a como professores e diretores entenderiam a inici-