Folha de S.Paulo

Barcelona sofre menos gols sem Neymar

Equipe muda o esquema e fica mais equilibrad­a, mas ataque cai de rendimento após saída do atacante brasileiro

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Barcelona é um dos favoritos na Liga dos Campeões da Europa, lidera o Espanhol e está na final da Copa do Rei

O Barcelona não tem mais o melhor ataque da Europa. Mas a solidez defensiva alcançada após a saída de Neymar para o Paris Saint-Germain trouxe maior equilíbrio aos números do time dirigido por Ernesto Valverde.

A equipe catalã é apontada como uma das favoritas nos três campeonato­s que disputa. Na Espanha, lidera o torneio nacional com oito pontos de vantagem para o Atlético de Madri, segundo colocado, e disputará a final da Copa do Rei contra o Sevilla. Na Liga dos Campeões, eliminou o Chelsea e enfrentará a Roma nas quartas.

O mérito de Valverde foi reinventar o esquema tático que seu antecessor, Luis Enrique, usou nas conquistas da Liga dos Campeões 2014/2015 e do Espanhol em 2014/2015 e 2015/2016. O 4-3-3, marcado pelo trio de ataque MSN (Messi, Suárez e Neymar), deu lugar ao 4-4-2. A posição de Neymar foi extinta.

Sem o atacante brasileiro, que atuava aberto pela esquerda, Valverde pôde centraliza­r Messi e o aproximou mais da área. Com frequência o argentino assume a posição conhecida como falso 9. Suárez, que antes cumpria a função de centroavan­te, também ganhou mais liberdade e mobilidade.

Nos 46 jogos oficiais da temporada, o Barcelona marcou 105 gols e sofreu apenas 22. Como comparação, o PSG fez 148 gols e levou 38 nos mesmos 46 duelos. O Manchester City, que disputou uma partida a mais, tem 121 gols anotados e 34 sofridos.

Já o Real Madrid, que disputa as mesmas competiçõe­s que o Barcelona, marcou 107 gols e foi vazado 47 vezes. O time está na terceira colocação do Espanhol, a 15 pontos do rival catalão.

Dos gols marcados pelo Barcelona, Messi fez 34 e Suárez, 24. A formação de uma linha de quatro no meio-campo deu liberdade para que outros jogadores se aventurass­em no ataque sem que a defesa ficasse exposta. Paulinho, criticado quando contratado, marcou oito vezes na temporada e é o terceiro na artilharia da equipe.

“A saída de Neymar mudou nossa forma de jogar. Perdemos força no ataque, mas estamos melhor organizado­s na defesa. Nosso meiocampo joga com mais calma, e alcançamos um equilíbrio maior”, afirmou Messi à revista World Soccer.

O equilíbrio ao qual o argentino se refere também deixou os laterais menos sobrecarre­gados com a marcação.

Jordi Alba, que atua pela esquerda, cresceu de produção, fez três gols e deu seis assistênci­as. “Tenho mais espaço para subir. Sinceramen­te, para mim é muito melhor”, disse ao jornal Mundo Deportivo, ao ser questionad­o sobre a saída de Neymar.

O Barcelona de 2018 também conta com dois trunfos para a reta final desta temporada. A incorporaç­ão de Philippe Coutinho ao time que disputa os torneios espanhóis —ele não pode jogar a Liga dos Campeões por já ter atuado pelo Liverpool— e a volta de Dembélé, livre das lesões que o tiraram de ação no início da temporada.

“Compensamo­s a ausência de Neymar de um jeito diferente. Temos novos jogadores que fizeram do Barcelona um time ainda mais forte”, analisou o goleiro alemão Ter Stegen à ESPN.

O volante Rakitic reconhece que o time catalão perdeu um pouco do brilho sem a estrela da seleção brasileira.

“Neymar nos dava desequilíb­rio dos jogos e o show. Hoje, falta ao time só um pouco disso, que era uma qualidade muito própria dele”, afirmou o jogador croata ao jornal Mundo Deportivo.

Neymar sofreu uma fratura no quinto metatarso do pé direito e foi operado no início do mês. O tempo para o atleta se recuperar é de três meses, o que impede seu retorno ao PSG nesta temporada.

A previsão dos médicos da CBF é que o atacante voltará a trabalhar com bola em junho, dias antes da disputa da Copa do Mundo na Rússia.

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