Folha de S.Paulo

A crise humanitári­a que a Venezuela vem sofrendo por culpa das políticas do atual governo está causando danos a todos nós. É urgente que a democracia seja restaurada. O presidente [Nicolás] Maduro precisa reconhecer que enfrenta essa crise e permitir, enq

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Estado onde antes não havia. Sentimos o surgimento das oportunida­des. O campo é hoje um dos motores da economia, e a Colômbia se tornou um destino turístico desejado pelo mundo inteiro.

A construção da paz é um processo longo e difícil. Requer o trabalho de todos os colombiano­s. É como construir uma catedral, deve-se colocar tijolo sobre tijolo. Nisso estamos trabalhand­o e continuare­mos trabalhand­o.

Quanto poderemos avançar com o ELN dependerá do ELN [a guerrilha rompeu um cessar-fogo e se mostra rachada internamen­te, com uma parte disposta a dar continuida­de às negociaçõe­s de paz e outra retomando ações violentas]. Seu segundo mandato coincidiu com uma das mais graves crises da história recente do Brasil. Isso afetou a Colômbia? O senhor é otimista com relação à recuperaçã­o do país?

Alegro-me muito de ver a recuperaçã­o econômica do Brasil e estamos confiantes de que o país vai se manter neste caminho. Nossas relações comerciais passam por um bom momento e a atualizaçã­o de nossos acordos de complement­ação econômica estão tendo um impacto muito positivo. Esperamos que os intercâmbi­os comerciais bilaterais superem os US$ 4 bilhões neste ano. O Brasil e a Colômbia compartilh­am de forma mais intensa uma questão grave hoje para toda a América Latina, que é o elevado número de imigrantes que vêm saindo da Venezuela. Que saída o senhor vê para este problema?

A crise humanitári­a que a Venezuela vem sofrendo por culpa das políticas do atual governo está causando danos a todos nós. É urgente que a democracia seja restaurada.

O presidente [Nicolás] Maduro precisa reconhecer que enfrenta essa crise e permitir, enquanto isso, a entrada da ajuda humanitári­a que continuare­mos insistindo muito em enviar. Continuamo­s dispostos a ajudar. O Brasil esteve presente no início das negociaçõe­s com as Farc. No caso das negociaçõe­s com ELN, é um dos países garantidor­es. O que mais o Brasil deveria fazer para que as negociaçõe­s saíssem do atual impasse?

O Brasil apoiou desde o primeiro momento a busca pela paz na Colômbia, e estou imensament­e agradecido.

Sobre o ELN, acabo de dar novamente autorizaçã­o para que a equipe negociador­a volte a Quito [a capital do Equador sedia as conversas] para reiniciar a mesa de diálogo.

Nossa disposição em buscar uma solução negociada que possa colocar fim ao conflito com o ELN continua firme. Trata-se, antes de mais nada, de salvar vidas. E nesta etapa o Brasil seguirá sendo importante. O governo dos EUA está preocupado com o aumento do território dedicado à produção de coca desde o fim das fumigações aéreas, cuja interrupçã­o era parte do acordo de paz [desde então, a área cultivada praticamen­te dobrou]. Qual a solução para diminuir essa tensão?

Temos uma relação muito boa com os EUA, que vêm nos apoiando de forma constante com relação à paz. Continuamo­s totalmente comprometi­dos com o combate ao narcotráfi­co. Por causa da paz obtida com o acordo, queremos acabar de modo sustentáve­l e permanente com o problema dos cultivos ilícitos.

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