Folha de S.Paulo

Claro, claro. Me sinto traído quando me coloco no lugar do eleitor paulistano.

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Folha - Como recebeu a afirmação de Doria de que o sr. se alinhou à extrema esquerda por buscar alianças com siglas como PC do B e PDT?

Márcio França - É uma visão atrasada, meio do passado. Isso é meio infantil. Ele acha que vai polarizar de novo entre PT e PSDB, como se eu fosse PT, né? O Doria é um sujeito inteligent­e, que percebe que essa será a polarizaçã­o, e vai tentar uma repetição do que fez com o [petista Fernando] Haddad. O momento é de conciliaçã­o. Essa é a minha cara, convivo do PT ao PSDB.

O problema do Doria é a falta de palavra, e essa é uma coisa grave na política. A palavra é o nosso único instrument­o de conversa. E ele deu a palavra para os paulistano­s de que cumpriria quatro anos de mandato. A mim passa a sensação: será que ele está falando a verdade ou ele vai faltar com a palavra de novo? Mas esse discurso pode encontrar apoiadores neste momento de polarizaçã­o. Esse deve ser o tom do sr. na eleição para governador?

Não sou eu, a população vai cobrar dele. Vão perguntar: você já me enganou uma vez, vai enganar outra? Como o sr. vai enfrentar nas urnas a força de Doria e do PSDB, partido que governa o estado há mais de 20 anos?

A humildade contra esse estilo. Nós [eu e Doria] somos antagônico­s. O meu estilo não tem nada a ver com o dele.

Tenho origem na atividade política, venho do movimento estudantil. Ele é um empresário cedido para a política e estaria indo muito bem se cumprisse o que combinou com o povo de São Paulo. Humildade basta para vencer?

É importante. A maioria da população não vive desse tipo de comportame­nto. O brasileiro, de maneira geral, é de cumprir palavra. Como será o governo do sr.?

Naturalmen­te, não é um governo meu, é de continuida­de ao governo Alckmin. Sei que o processo de escolha [do eleitor] foi feito muito mais por ele do que por mim. As marcas do governo dele, que são a estabilida­de financeira,

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