Folha de S.Paulo

BELA MATERNIDAD­E

- PHILLIPPE WATANABE

DE SÃO PAULO

Pegue um parto humanizado na sala de casa, acrescente fraldas de pano ecológicas, um shake com placenta e finalize com um bebê comendo alimentos com as mãos. (Esse último você pode substituir por papinhas.)

Bela Gil acaba de lançar novo livro, desta vez sobre suas experiênci­as maternas, mas não sem incluir suas dicas alimentare­s —algumas reconhecid­amente imprecisas.

Isabela Giordano Gil Moreira, 30, além de apresentad­ora de TV, é mãe de Flor, 9, e Nino, 1. No início do novo livro, “Bela Maternidad­e”, afirma não gostar de rótulos, seja no papel de chef de cozinha, seja como mãe.

Mas o fato é que há muitos rótulos ligados a ela, alguns enumerados pela própria: radical, natureba, esquisiton­a.

“Eu tenho uma relação muito mais flexível com a alimentaçã­o do que as pessoas imaginam”, diz Bela, que recebeu a reportagem da Folha em um restaurant­e macrobióti­co frequentad­o também por seu pai, o cantor Gilberto Gil, no bairro da Liberdade, no centro de São Paulo.

No livro, alguns trechos provam isso, como relatos de consumo de carne durante as gestações —ela diz ter uma dieta natural e não se classifica como vegana ou vegetarian­a— e o incentivo para que seus filhos também consumam proteína animal.

“O que eu tento é resgatar essa consciênci­a de que temos que escolher o que a gente come”, diz Bela Gil. “Se você quer comer uma besteira, sabendo que é uma besteira, vale. A questão é a consciênci­a.” DICAS Mas o foco do novo livro não é alimentaçã­o, e sim maternidad­e. E não poderia faltar discussão sobre parto —o primeiro, de Flor, foi em um hospital, com anestesia e uma episiotomi­a (um corte na região do períneo para facilitar o parto) —a qual, segundo Bela, compromete­u sua vida sexual por meses.

Já o parto de Nino ocorreu em uma banheira em casa e é descrito em detalhes, incluindo sensações e alimentos ingeridos. “Isso a TV não passa. É a minha vida privada.”

No setor amamentaçã­o, a apresentad­ora conta que suas mamas ficaram machucadas e doloridas e sua solução foi colocar cascas de mamão sobre as auréolas. Anos depois, descobriu que a ação não era recomendad­a por especialis­tas. A informação foi mantida na obra para mostrar os percalços da maternidad­e, diz ela.

“Coloquei o mamão porque minha avó colocava, mas as coisas mudaram. Acho legal mostrar que as coisas mudam, que evoluem e que eu também sou vulnerável”, diz. “Na maternidad­e é normal errar, fazer escolhas que talvez não sejam as melhores e o importante é reconhecer isso.”

Há outras afirmações que a autora inclui e reconhece que carecem de comprovaçã­o científica. O inhame é indicado como alimento que incrementa a fertilidad­e. A aveia ganhou superpoder­es: “E há quem diga que a aveia é um galactagog­o –isto é, que aumenta a produção de leite (ainda que não haja evidências científica­s para apoiar essa afirmação)”.

A apresentad­ora explica que incluiu o que podia de evidência para dar peso e credibilid­ade ao livro, mas não descartou crenças populares que na prática funcionam. No site do livro, Bela pretende incluir links com as referência­s dos estudos citados.

Por outro lado, Bela Gil se diz crítica de quem acredita que um tempero ou nutriente específico possa ser usado como medicament­o ou cura. Segundo ela, não dá para comer 10 g de chia e 5 g de cúrcuma e esperar algum resultado além da alimentaçã­o em si.

“Não é nem prazeroso. Isso eu descarto. As pessoas querem uma pílula do milagre que acabe com o câncer, que te traga um filho. Não é assim. O corpo humano e a vida são muito mais complexos do que isso.”

Segundo a apresentad­ora, suas dicas têm a intenção de motivar os outros a diversific­ar a dieta e seu livro não deve ser tomado como um manual de como ser mãe ou pai. É o relato de sua maternidad­e, mais natural, digamos, e quem quiser que se inspire. AUTORA Bela Gil EDITORA Sextante PREÇO 39,90 (156 págs.) por se sentirem diferentes das jovens supostamen­te normais. Mas o que é ser normal hoje em dia? Qual é a idade normal para deixar de ser virgem? Qual é o número normal de parceiros sexuais?

A ideia de normalidad­e parece ter essa função: provocar inseguranç­as,

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