Lula reavalia agenda no Sul após 2 dias de protestos
Ex-presidente convoca reunião de emergência para discutir segurança
Em Santa Maria, grupos pró e anti-Lula se confrontaram; petista chamou fazendeiros de ingratos e caloteiros
Após dois dias de enfrentamento durante sua passagem pelo Rio Grande do Sul, o expresidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu na noite desta terça-feira (20) com dirigentes petistas e coordenadores da caravana que protagoniza pelo país para reavaliar sua agenda e discutir medidas adicionais de segurança.
Sob a orientação de Lula, petistas procuraram o ministro da Segurança, Raul Jungmann (PPS), o governador do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori (MDB), a PRF (Polícia Rodoviária Federal) e a Secretaria de Segurança do Estado para relatar os conflitos da manhã desta terça, quando um grupo de manifestantes fechou temporariamente o acesso à cidade de Santa Maria para impedir a presença do ex-presidente.
A polícia enviou reforços à cidade, enquanto a comitiva era escoltada por dezenas de carros da polícia e acompanhada por um helicóptero. Foram enviados 12 carros de polícia, incluindo a PRF.
Lula e sua comitiva foram obrigados a aguardar em um acostamento até a desobstrução da pista. Na chegada à cidade, a caravana foi seguida por manifestantes até a Universidade Federal de Santa Maria. Por medidas de segurança, Lula trocou o ônibus por um carro de passeio.
No campus, opositores de Lula —um deles com um chicote— entraram em confronto com estudantes e integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra). Munidos de pedaços de paus, participantes trocaram socos e pontapés, sendo contidos por presentes.
Foi o momento de maior tensão ao longo de toda a caravana. O ex-ministro Miguel Rossetto, pré-candidato do PT ao governo do Rio Grande do Sul, chamou de fascista e fanatizada a tentativa de obstrução do trânsito de dois expresidentes —Dilma Rousseff também participa do périplo.
“A caravana foi pensada para um ambiente sereno”, disse Rossetto.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), por sua vez, disse que a integridade física de dois ex-presidentes está sob ameaça e cobrou providências. “A caravana pacífica e democrática do ex-presidente Lula está sendo ameaçada e agredida por milícias profissionais formadas pela direita e extrema-direita aqui no Rio Grande do Sul.” INGRATOS E CALOTEIROS À noite, ao visitar uma comunidade urbanizada durante sua gestão, Lula chamou os grandes fazendeiros de ingratos e caloteiros.
Disse que quando eles obtêm financiamento milionário para compra de maquinários, “não só são mal agradecidos como passam a vida falando mal do PT”. Afirmou ainda que eles têm dois prazeres, quando recebem o di- nheiro e quando dão calote.
“Se eles tratassem os empregados como tratam os cavalos, os empregados estariam muito bem de vida”, criticou. “Estou cansado de ver cavalo comendo maçã.”
O Sul, quarta etapa da caravana, é onde o ex-presidente tem menos apoio. Segundo o Datafolha, 23% dos eleitores da região manifestaram intenção de votar no petista, contra 41% no Norte e 56% no Nordeste, por exemplo.
Conscientes do grau de hostilidade ao partido na região, petistas chegaram a questionar a oportunidade da passagem pelo Sul, mas Lula insistiu em ir.
O plano inicial é de, durante nove dias, Lula percorrer os três estados da região, totalizando 2,7 mil quilômetros.
LULA
ex-presidente
Seeles [grandes fazendeiros] tratassem os empregados como tratam os cavalos, os empregados estariam muito bem de vida. Estou cansado de ver cavalo comendo maçã