Folha de S.Paulo

Dólar sobe na véspera de EUA reverem juro

Moeda encosta em R$ 3,31 com expectativ­a de que banco central americano fará a primeira elevação na taxa neste ano

- DANIELLE BRANT

Mercado monitora ainda 12º corte na taxa básica do Brasil, que deve ir para 6,5% e encerrar ciclo de baixa

A expectativ­a dos investidor­es em torno do primeiro aumento de juros nos Estados Unidos neste ano, que deve ser confirmado na reunião do banco central americano desta quarta-feira (21), deixou o dólar próximo a R$ 3,31 nesta terça-feira (20).

O dólar comercial teve alta de 0,73% e fechou em R$ 3,309. É o maior valor desde 28 de dezembro de 2017, quando a moeda terminou a R$ 3,315. A valorizaçã­o ocorreu em linha com o exterior: a moeda americana se fortaleceu ante 24 das 31 principais divisas do mundo.

O mercado espera que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) aumente os juros em 0,25 ponto percentual, para a faixa entre 1,5% e 1,75%. O último aumento, também de 0,25 ponto percentual, ocorreu na reunião de dezembro do Fomc (comitê de política monetária do Fed).

A decisão de aumentar os juros nos EUA ocorre em meio à recuperaçã­o da atividade econômica do país. A criação de vagas tem ficado acima dos 100 mil postos necessário­s para absorver novos entrantes no mercado de trabalho americano, segundo estimativa­s feitas pela ex-presidente do Fed Janet Yellen.

O desemprego no país está em 4,1%, menor patamar em 17 anos, mas sem gerar pressões que possam levar a inflação acima da meta de 2% ao ano estabeleci­da pelo Fed.

“O dólar tende a ganhar força ao longo do ano. O mercado aposta em quatro aumentos de juros nos EUA, com o Fed tentando dar um direcionam­ento a anos de política monetária expansioni­sta que injetou liquidez nos mercados”, afirma André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimen­tos.

A alta tende a enxugar dinheiro hoje aplicado em Bolsa e em países emergentes, como o Brasil. Isso ocorre porque os investidor­es buscam o refúgio na remuneraçã­o oferecida pelos títulos de dívida dos EUA, considerad­os um dos mais seguros do mundo. JUROS NO BRASIL No Brasil, o mercado aguarda a confirmaçã­o de mais uma queda na taxa Selic. Hoje em 6,75% ao ano, o juro deve cair para 6,5% ao ano, no 12º corte seguido. “O corte, se vier, será em razão do cenário inflacioná­rio no Brasil, mas acho muito difícil o Banco Central deixar a porta aberta para um novo corte”, diz Roberto Indech, analista-chefe da Rico Investimen­tos.

Em fevereiro, a inflação subiu para 0,32%, menor taxa para o mês desde 2000. Em 12 meses, avançou para 2,86%, abaixo do piso da meta definido pelo BC. O Ibovespa, índice das ações mais negociadas, subiu 0,30%, para 84.163 pontos.

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