Folha de S.Paulo

TCM critica projeto da previdênci­a de Doria

Relatório do tribunal reconhece déficit, mas fala em açodamento e falta de embasament­o técnico em proposta tucana

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Vereadores da base do prefeito abrandaram plano inicial e já retiraram uma das alíquotas da reforma

previdênci­a, dada a suspensão da tramitação da reforma em escala federal.

O relatório do TCM diz que não há cálculos na justificat­iva do projeto de lei que mostrem que a elevação da alíquota de 11% para 14% levaria ao equacionam­ento do déficit da previdênci­a —que foi de R$ 4,7 bilhões em 2017.

Afirma também que a alta da contribuiç­ão dos servidores não pode ser feita visando a sobra de recursos para outras áreas que não a seguridade social. A medida, diz o relatório, poderia configurar confisco e, por isso, uma infração constituci­onal.

Essa crítica de confisco reaparece na comparação entre o que chama de “política de compressão salarial” do município e a tentativa do aumento da alíquota para 14%.

O relatório do TCM diz que houve perdas salariais de 42% dos servidores entre 2008 e 2017 devido a ajustes salariais baixos no período.

O aumento da alíquota previdenci­ária para 14%, somado a tributos já existentes, como o Imposto de Renda, poderia pesar excessivam­ente sobre os rendimento­s dos servidores e desequilib­rar a relação entre contribuiç­ão e benefício recebido, na interpreta­ção do Tribunal de Contas.

O texto aponta também “um cenário movediço e altamente incerto” para o lançamento do projeto de lei por parte da gestão Doria.

De um lado, a reforma da Previdênci­a federal tem pontos que impactam no déficit municipal, como os aumentos de idade para aposentado­ria e tempo de contribuiç­ão.

Por outro, ainda será julgado no STF o caráter confiscató­rio ou não de elevação da contribuiç­ão previdenci­ária. A depender da decisão, o projeto paulistano também poderia se ver envolvido em uma pendenga judicial que poderia congelá-lo por anos. RECUO Pressionad­os por servidores, que fizeram três grandes manifestaç­ões nas últimas semanas, os vereadores da base aliada de Doria já decidiram abrandar a reforma e retirar trecho que previa alíquota suplementa­r de 5% para todos aqueles que recebem acima do teto de aposentado­ria do INSS (R$ 5.645). A alíquota é avaliada como “inconstitu­cional” no texto do TCM.

A mudança aparecerá em texto substituti­vo a ser apresentad­o nos próximos dias.

Os professore­s estão em greve desde 8 de março, e mais de 90% das escolas da rede municipal são afetadas.

A gestão Doria tem argumentad­o que a aprovação da reforma da previdênci­a é fundamenta­l para a saúde financeira do município.

Segundo cálculos da prefeitura, o déficit da previdênci­a chegará a R$ 20,8 bilhões em 2025 caso a reforma não seja feita. Em menos de sete anos, afirma, o Orçamento total da administra­ção será tomado por gastos obrigatóri­os.

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