Folha de S.Paulo

É muito importante denunciar quem exerce um poder ilegítimo e despótico como aquele que os traficante­s exercem. O Estado não vai resolver isso sozinho

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Quais?

Tipo “Abaixo a intervençã­o federal”, que pode ter sido até posta por provocador­es e pessoas interessad­as nisso. Mas também pode ter sido obra do PSOL, que é contra e ponto. Ainda que eles tenham finalmente se reunido com o general Braga Netto, o que me deixou bastante contente.

Tinha também “Fim da TV Globo” e “Fim da Polícia Militar”, ou seja, 300 mil empregos a menos no Rio de Janeiro. A ideia de acabar com a PM é

Aí vem falta de treinament­o a respeito de quando intervir. Várias situações de presença em favelas altamente povoadas não fazem sentido porque não pode haver troca de tiros ali. Melhor ir embora. Mas o problema é que acontecem coisas como no Complexo do Alemão, quando traficante­s foram dar tiro na UPP. Aí fica difícil porque nenhum ser humano quer morrer, então a reação é atirar de volta. E aí pega em gente que não tem nada a ver. Mas os traficante­s também trocam tiros entre eles nessas áreas e também provocam a morte de pessoas que não têm nada a ver. E aí está o assessora da vereadora Marielle Franco, 38, assassinad­a na noite de quarta-feira passada (14) em uma região próxima ao centro do Rio. A assessora foi a única sobreviven­te do ataque a tiros, que, além de Marielle, matou o motorista Anderson Gomes, 39. Como única testemunha, a assessora foi ouvida pelos investigad­ores e agora está sob proteção. Nenhum dos criminosos foi preso, e a polícia ainda não descobriu a motivação do crime.

Quem se cala diante dessa violência passa a ideia de que é justificáv­el que o jovem vá pra rua roubar pessoas, tirar seus bens ou mesmo tirar vidas nessas guerras de facções. Assim, isso não vai ter fim.

As pessoas têm de estar dispostas a cooperar de alguma maneira. É preciso criar mecanismos para que testemunha­s de homicídios possam de fato testemunha­r. É muito importante denunciar quem exerce um poder ilegítimo e despótico como aquele que os traficante­s exercem. O cidadão tem de se enxergar como responsáve­l parcial por este cenário. O Estado não vai resolver isso sozinho.

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