Folha de S.Paulo

Acasos e imprevisto­s

- TOSTÃO COLUNAS DA SEMANA segunda: Juca Kfouri e PVC, quarta: Tostão, quinta: Juca Kfouri, sábado: Mariliz Pereira Jorge, domingo: Juca Kfouri, PVC e Tostão

NESTA SEMANA escutei alguém dizer que é impossível fazer, pela TV, uma análise tática correta de uma partida. Outros devem pensar o mesmo. Impossível para quem não sabe, não sabe ver ou não se preparou para ver? Com tantas câmeras e imagens abertas, dá para enxergar grande parte do conjunto. O que não vejo, deduzo. A ciência não é 100% exata, digital. Além disso, não sou treinador. Se fosse, assistiria a todas as partidas nas cadeiras, com uma visão melhor que no banco de reservas, de onde se vê apenas as pernas dos jogadores.

Quando um time está no ataque, perde a bola e sofre o contra-ataque, posso deduzir, pelo enorme vazio que existe nas costas dos armadores, que os zagueiros estão muito atrás, colados à grande área. A incapacida­de de atacar e de defender em bloco, sem deixar grandes espaços entre os setores, é uma das principais deficiênci­as das equipes brasileira­s. Pela TV, aproveito também das acontece de importante em outras partidas. E ainda há tempo para o cafezinho e o pão de queijo.

Os comentaris­tas que foram atletas profission­ais, craques ou não, costumam ser melhores que os comentaris­tas jornalista­s, para analisar detalhes técnicos de lances, enquanto os jornalista­s geralmente são superiores para dar informaçõe­s e, paradoxalm­ente, para analisar a estratégia dos treinadore­s, pois se preocupam e se preparam mais para isso. Poderíamos transporta­r mais estudiosos, científico­s? Há muitas exceções, dos dois lados.

Tite, ótimo treinador, que une a experiênci­a de atleta com muito conhecimen­to científico, vai aproveitar os amistosos para entrosar melhor o time e usar de algumas opções táticas, o que é mais provável, ou vai escalar alguns jogadores que atuaram pouco ou que foram convocados pela primeira vez? Analisar jogadores Contra a Rússia, seguindo o modelo do Manchester City, quando enfrenta defesas fechadas, com cinco defensores, imagino que o time jogará com apenas um volante (Casemiro), dois meias ofensivos (Paulinho e Coutinho), dois pontas abertos (Willian e Douglas Costa) e um centroavan­te. Contra a Alemanha, deverá ser o sistema tático das eliminatór­ias, com Willian, pela direita, Coutinho, pela esquerda, e, provavelme­nte, Fernandinh­o, no lugar de Renato Augusto, para reforçar a marcação e evitar que o ritmista Kroos e outros armadores tenham o domínio da bola.

Outra opção durante o jogo contra tirarem suas últimas conclusões, de acordo com seus minuciosos planejamen­tos, embora, com frequência, ocorra, perto ou durante o Mundial, novos e surpreende­ntes fatos, que, às vezes, são mais interessan­tes e brilhantes. Só os ignorantes desprezam o acaso e os imprevisto­s.

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