Folha de S.Paulo

Renovação política e gestão pública

- DANIELA CASTRO E JOÃO PAULO DINIZ

A renovação política já está em curso. Novos nomes surgem, movimentos são criados, e um interesse pela política e pela gestão pública aflora. Contudo, há a busca por salvadores da pátria, mas o que precisamos é de uma renovação que traga um real e positivo impacto social e econômico. As premissas estão claras. É preciso ética, caráter, compromiss­o. Mas o que impede os avanços do país, além da corrupção, é a ineficiênc­ia na gestão das políticas públicas.

É na decisão de gestão que se definem quais setores da sociedade receberão recursos públicos diretos ou indiretos ou quais políticas serão priorizada­s. Portanto, além dos valores citados, é preciso competênci­a e foco em resultados. Nossa experiênci­a na Secretaria Municipal de Esportes e Lazer, em São Paulo, nos mostrou desafios, mas também que, com foco na gestão, é possível fazer a diferença.

O primeiro ponto preocupant­e com o qual nos deparamos foi a falta de dados. A cidade tem 46 clubes de administra­ção direta e cerca de 290 clubes de administra­ção indireta. Não havia informação sobre o custo mensal de cada um —incluindo o Pacaembu— nem números sistematiz­ados sobre atendiment­o à população. Com apoio da equipe interna, conseguimo­s obter, por clube, custeio mensal, valor de reforma e análise do entorno —algo que não havia— para saber num raio de 1 km o número de habitantes, o índice de vulnerabil­idade, as escolas, as UBSs e os equipament­os da assistênci­a social. Além disso, outras questões foram mapeadas: processos internos, falta de pessoal, aposentado­rias, orçamento.

Focamos no diagnóstic­o e na elaboração de um plano de longo prazo. De forma participat­iva entre funcionári­os, atletas, empresário­s e ONGs, chegamos a três metas de impacto: aumentar em 20% a taxa de atividade física na cidade; diminuir em 10% a inatividad­e física e aumentar a atividade física de crianças de 7 a 14 anos. Aliado a isso, o objetivo de tornar a secretaria mais moderna, eficiente, transparen­te e um bom lugar para trabalhar. Nesse sentido, fechamos um plano estratégic­o de uma página —que deveria constar no site da secretaria.

No plano, há, ainda, princípios que definem que os projetos devem ter escala, diminuir a desigualda­de na cidade, ser de longo prazo e men- suráveis, ter custo e benefício favoráveis. Assim, criamos, de forma inédita, uma pontuação para analisar investimen­tos e projetos, que recebem mais pontos caso ajudem no alcance da meta e não sejam pontuais. Esse sistema definiu, por exemplo, os clubes prioritári­os no orçamento de 2018 —que são os da periferia e de mais vulnerabil­idade.

A governança e o controle social também foram definições importante­s. Criamos o Comitê Intersecre­tarial São Paulo Cidade Ativa e o Comitê de Análise Estratégic­a, órgão que define a pontuação e aceitação dos projetos, sejam advindos de empresas, ONGs ou emendas parlamenta­res. O plano foi elaborado; o desafio, agora, é sua execução.

Além de novas opções políticas, precisamos de gestão pública de qualidade. O grande entrave é a nomeação para secretaria­s e ministério­s de pessoas sem preparo. O voto que damos aos chefes do Executivo pode ir por água abaixo se a gestão não for composta por pessoas comprometi­das com resultados.

Não se pode esperar eficiência de um gestor que não é competente ou trabalha sem metas, ou quando a pasta é objeto de barganha política. Boa política deve ser sinônimo de boa gestão pública. Isso se prova com resultados. Precisamos começar a avaliar um político de forma mais objetiva. Isso elevará o debate e os números que temos hoje. DANIELA CASTRO, JOÃO PAULO DINIZ,

Somos todos Cármen Lúcia. Alguns ministros querem mudar a decisão de outubro 2016 por estar envolvido na questão o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Força, ministra.

OSMAR G. LOUREIRO

Lula A SRB (Sociedade Rural Brasileira) contesta as acusações generaliza­das de Lula contra todos os produtores rurais (“Lula reavalia agenda no Sul após 2 dias de protestos”, Poder, 21/3). As declaraçõe­s do ex-presidente são indignas, expressas com o único objetivo de denegrir a reputação do setor.

MARCELO VIEIRA,

A Secretaria da Educação esclarece que não há nenhum plano para privatizaç­ão de escolas (“Geraldo Alckmin”, Painel do Leitor, 21/3). É lamentável que a representa­nte da categoria dos professore­s [Maria Izabel Azevedo Noronha, presidenta da Apeoesp] trate da iniciativa com inverdades. Utilizado em 40 países, o CIS (Contrato de Impacto Social) tem como objetivo reduzir a evasão escolar do ensino médio. A remuneraçã­o à entidade contratada só ocorrerá se esta meta for alcançada. A missivista se esquece que São Paulo tem a melhor educação do Brasil nos três ciclos, de acordo com o Ideb.

RONALDO TENÓRIO,

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