Lula enfrenta protesto pelo 3º dia e diz ser alvo de ódio
Enfrentando protestos pelo terceiro dia consecutivo, o ex-presidente Lula sugeriu nesta quarta (21) que seus opositores ponham a mão na consciência e comparem as conquistas dos governos petistas com as de seus antecessores e do governo Temer.
“Vão mandar para nós um pedido de desculpas por tanta grosseria e tanta falta de respeito”, discursou.
No auditório do Instituto Federal Farroupilha, em São Vicente do Sul (RS), ele disse que Deus há de iluminar as pessoas que carregam ódio no coração. “Não pensem que fico nervoso com essa gente gritando, não. Preconceito sempre existiu. Mas o que essa gente tem não é preconceito. É ódio”, disse.
Lula listou os casos de preconceito sofrido ao longo de sua trajetória, entre eles o analfabetismo. “Já comi o pão que o diabo amassou. Não estou disposto a levar desaforo para casa”, declarou.
O ex-presidente foi recepcionado por manifestantes às portas do instituto. Além dos ruralistas que estacionaram diante do portão, alunos da instituição também se prepararam para protestar no campus.
Antes de deixar Santa Maria com destino a São Vicente do Sul, Lula disse a uma rádio que não entende o motivo de tanto ódio. “Não se enganem com aqueles que, de dia, vestem verde e amarelo e, à noite, vão fazer compras em Miami, em vez de ir ao supermercado de Santa Maria.”
Organizador do protesto da manhã desta quarta, o produtor rural Fábio Marchezan dos Santos, de 43 anos, diz que o dinheiro foi liberado no governo Lula, mas o projeto é de seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso.
Ele explica que o ato foi planejado por um grupo de produtores rurais também patrocinados por comerciantes locais. Sustentado por um guindaste, um boneco gigante de Lula inflável foi colocado à frente do instituto. No alto-falante, um manifestante disse que o governo petista desmoralizou a polícia, que não pode mais matar bandidos.
Para chegar a São Borja, terra natal de João Goulart e Getúlio Vargas, Lula cruzou estrada de terra em assentamentos do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), já que opositores haviam bloqueado com tratores as entradas da cidade. Ele também contou com escolta de 80 militantes sem-terra.
Ao discursar diante do mausoléu de Getúlio, Lula disse que vinha em missão de paz e agradeceu a generosidade dos militantes que “não entrarem guerra” e o ouviam.
“Somente quem poderia proibir a gente de vir aqui não era o governo federal, não era a Polícia Federal. Quem poderia proibir a gente de vir aqui era o povo de São Borja e vocês estão aqui”, afirmou.
JEAN LUSCHER CASTRO,
executivo da Galvão Engenharia
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA,
ex-presidente
ROGERIO CUNHA OLIVEIRA,
ex-diretor da Mendes Júnior ,
SERGIO CUNHA MENDES
ex-vice-presidente da Mendes Júnior