Folha de S.Paulo

Procurador do TCU pede afastament­o de ministro Barros

Suspeita é de que ele teria boicotado parceria da Hemobrás com multinacio­nal para produzir medicament­os

- FÁBIO FABRINI GUSTAVO URIBE TALITA FERNANDES

O procurador Marinus Marsico pediu ao Tribunal de Contas da União que afaste temporaria­mente do cargo o ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP-PR), por, supostamen­te, boicotar parceria da Hemobrás (Empresa Brasileira de Hemoderiva­dos) com a multinacio­nal Shire para a produção de um medicament­o essencial para pacientes hemofílico­s.

A medida foi requerida em caráter cautelar (preventivo) e a decisão caberá ao plenário do TCU. A expectativ­a, porém, é de que o pedido perca objeto, pois Barros deve deixar o cargo espontanea­mente na quarta (28) para se candidatar a deputado federal. No julgamento de mérito, Marsico requer a inabilitaç­ão dele para cargos em comissão e funções de confiança.

A saída de Barros iniciará a reforma ministeria­l do presidente Michel Temer. Na semana que vem, também de- ve pedir exoneração o titular dos Transporte­s, Maurício Quintella (PR-AL), que tentará uma vaga no Senado. Na seguinte, sairia Mendonça Filho (Educação). No total, ao menos menos 11 ministros deixarão seus postos para participar da disputa eleitoral.O prazo para desincompa­tibilizaçã­o é 7 de abril.

A Hemobrás e a Shire firmaram em 2012 uma parceria que previa transferên­cia de tecnologia. A multinacio­nal deveria repassar o seu conhecimen­to de produção do fator recombinan­te 8 para a estatal em cinco anos. Enquanto isso, caberia à farmacêuti­ca abastecer o mercado. Mas o cronograma não foi cumprido. No ano passado, Barros anunciou a suspensão do projeto e propôs a compra de outros fornecedor­es.

Em petição nesta quarta (21), Marsico sustenta que o ministro descumpriu decisões judiciais e da própria corte de contas que o obrigam a adquirir o hemoderiva­do da Hemobrás, por meio da parceria, que foi reestrutur­ada.

O procurador atribui a ele sequência de “atos e omissões tendentes a fulminar” o projeto e substituí-lo por negócios com outro fabricante. No ano passado, Barros iniciou tratativas para construir uma fábrica de hemoderiva­dos em Maringá (PR), sua base eleitoral, por meio deconsórci­o de laboratóri­os públicos e a suíça Octapharma.

Em nota, o ministério afirmou ter retomado a parceria em setembro de 2017. Em outubro, explicou, foi solicitado um lote de fator recombinan­te da Hemobrás; e, neste mês, outro foi adquirido.

“A medida atende decisão judicial. Na avaliação do ministério, trata-se de uma proteção de mercado da Hemobrás e sua parceira comercial, o que provoca um prejuízo aos cofres públicos de, pelo menos, R$ 142,6 milhões.”

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Francisco Stuckert - 21.dez.2017/Fotoarena/Folhapress O ministro da Saúde, Ricardo Barros, do PP, que deve deixar o cargo para ser candidato

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