Conflito familiar leva a ação que pede venda das empresas do grupo Vicunha
DE SÃO PAULO
Um conflito entre dois ramos da família Steinbruch virou ação judicial que pede a venda de todas as empresas do grupo Vicunha: a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), a Vicunha Têxtil, o Banco Fibra, fazendas e uma securitizadora, entre outros.
O patrimônio líquido total em disputa supera os R$ 8 bilhões, e a receita anual conjunta em 2016 ficou acima de R$ 20 bilhões.
A ação, que foi impetrada nesta quarta (21), é movida pela CFL Participações, holding de Leo e Clarice Steinbruch, primos de Benjamin, que é presidente da CSN e colunista da Folha.
Leo e Clarice são minoritários nas empresas e tomaram a decisão de ir à Justiça depois de terem sido excluídos da administração do grupo têxtil e do siderúrgico, em janeiro, e do patrimônio imobiliário, na segunda (19), de acordo com o advogado Ricardo Tepedino, do escritório Tepedino, Migliore, Berezowski e Poppa.
A ação é movida contra a holding Rio Purus, dos irmãos Benjamin, Ricardo e Elisabeth. Procurado, o advogado da Rio Purus, Paulo Lazzareschi, afirmou não poder se manifestar porque ainda não tinha conhecimento dos termos da ação.
As empresas em disputa foram constituídas pelos irmãos Mendel (pai de Benjamin, Ricardo e Elisabeth) e Eliezer Steinbruch (pai de Leo, Clarice e Fabio, já morto).
Em 1994, Mendel e Eliezer fizeram um contrato para regular a relação dos dois, assinado também pelos seis filhos herdeiros.
De acordo com Tepedino, o acordo estabelecia que 60% da Vicunha e da CSN seriam propriedade de Mendel, e 40%, de Eliezer.
Nos demais negócios, a divisão seria de 55% para Mendel e 45% para Eliezer.
Após a morte dos patriarcas, em 1994 e 2008 respectivamente, houve várias tentativas de acordo para separar o patrimônio, sem sucesso.
“A situação de convívio se deteriorou, e a Rio Purus passou a desrespeitar todas as regras de governança que constavam do contrato de 1994”, afirma Tepedino.