Folha de S.Paulo

Zuckerberg rompe silêncio sobre escândalo e diz que Facebook errou

Em resposta a utilização indevida de dados, executivo afirma ser responsáve­l por proteger usuários

- SILAS MARTÍ NELSON DE SÁ

À CNN cofundador da rede social promete ações para garantir segurança de eleições futuras e cita pleito do Brasil

Enquanto isso, os governos americano e britânico, além de autoridade­s da União Europeia, vêm cobrando explicaçõe­s de Zuckerberg, que decidiu falar primeiro com os usuários que garantem ao Facebook sua enorme fortuna.

Em meio a campanhas pelo fim da rede, batizadas #DeleteFace­book e #BoycottFac­ebook, o executivo prometeu uma série de mudanças para evitar desvios de dados.

Ele disse em seu post que a ferramenta que mostra que aplicativo­s têm acesso ao perfil ficará agora no alto da página principal e que iria banir do Facebook qualquer empresa que não aceitar uma auditoria sobre a forma como usou dados de usuários, além de alertar seus clientes que puderam ter suas informaçõe­s expostas a essas firmas.

“Eu comecei o Facebook e, no fim do dia, sou eu o responsáve­l pelo que acontece em nossa plataforma”, disse.

Mas, enquanto Zuckerberg promete melhoras, autoridade­s querem entender a fundo a gravidade da situação.

Além das cobranças de esclarecim­ento de parlamenta­res, a Comissão de Comércio americana abriu uma investigaç­ão contra a empresa que pode levar a multas bilionária­s por violar a privacidad­e.

O governo suspeita que o Facebook tenha desrespeit­ado um termo de conduta acordado em 2011 em que se comprometi­a a alertar os usuários sobre o compartilh­amento de seus dados com terceiros.

DE SÃO PAULO

Em entrevista nesta quarta (21) em São Paulo, a vice-presidente global de Políticas Públicas do Facebook, Monika Bickert, afirmou que não se deve falar em “vazamento de dados” (data breach) da plataforma.

Outros executivos do Facebook também vêm questionan­do a expressão —usada na manchete do Guardian que revelou o caso dos 50 milhões de contas acessadas pela Cambridge Analytica.

Nesta quarta, o presidente da empresa, Mark Zuckerberg, usou alternativ­amente a expressão “quebra de confiança” (breach of trust), que teria ocorrido entre o Facebook e os usuários, para descrever o episódio.

Bickert, advogada que atuou no Departamen­to de Justiça dos EUA, disse que não houve vazamento de dados porque foram os próprios usuários que os ofereceram.

“Quando as pessoas instalam aplicativo­s [via Facebook, como aquele usado pela Cambridge Analytica], elas fornecem os dados ao aplicativo”, afirmou. “As pessoas que instalam o app fazem uma escolha de ceder dados.”

A responsabi­lidade do Facebook sobre os dados, que teriam sido usados posteriorm­ente por clientes como a campanha presidenci­al de Donald Trump, é um dos aspectos investigad­os tanto nos Estados Unidos como no Reino Unido.

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