Folha de S.Paulo

Seus parceiros faziam com informaçõe­s compiladas ali e que havia surgido até um “mercado negro” de dados.

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Mark Zuckerberg, enfim, rompeu o silêncio. Numa mensagem no Facebook, o presidente e fundador da rede social reconheceu que houve uma “violação de confiança” entre a plataforma e seus usuários no episódio que permitiu que dados pessoais fossem parar nas mãos de uma consultori­a política.

“Temos a responsabi­lidade de proteger seus dados e, se não pudermos fazer isso, não merecemos servir vocês”, escreveu. “Estou tentando entender o que houve para que não aconteça de novo. Também cometemos erros e precisamos fazer mais ainda. Precisamos consertar isso.”

Mais tarde, em entrevista à CNN, Zuckerberg disse lamentar o que aconteceu e que estaria disposto a depor no Congresso, como parlamenta­res americanos vêm pedindo, e defendeu ainda restrições à publicidad­e nas redes.

O executivo ainda reconheceu que na época das mais recentes eleições americanas sua empresa não estava preparada para combater a ação desses agentes e prometeu usar novas táticas e inteligênc­ia artificial para garantir a segurança de pleitos futuros, inclusive os deste ano no Brasil.

Essas foram as suas primeiras manifestaç­ões desde o fim de semana, quando estourou o escândalo do uso indevido de informaçõe­s de 50 milhões de usuários do Facebook.

Os dados foram parar nas mãos da consultori­a política Cambridge Analytica, empresa financiada pelo bilionário Robert Mercer e por Steve Bannon, ex-estragista-chefe de Donald Trump, que trabalhou para favorecer a corrida vitoriosa do presidente à Casa Branca há dois anos.

Na maior crise de imagem a abalar o Facebook desde o surgimento da plataforma, em 2004, Zuckerberg vinha sendo pressionad­o havia dias para se manifestar e, num primeiro pronunciam­ento, usou sua própria rede social.

O executivo contou que a ideia de criar uma rede em que as pessoas e seus amigos fossem conectados de modo integral favoreceu que empresas de terceiros compilasse­m seus dados para fins indevidos, já que desenvolve­dores de aplicativo­s tinham acesso a perfis de usuários. TESTE Zuckerberg lembrou que há cinco anos um pesquisado­r, Aleksandr Kogan, da Universida­de Cambridge, no Reino Unido, criou um teste de personalid­ade instalado no Facebook baixado então por 270 mil usuários da rede.

Esse aplicativo deu a Ko- gan acesso aos dados dos amigos dessas pessoas e acabou expondo dezenas de milhões de outros perfis. Ele, então, no que o executivo chama de outra “violação de confiança”, repassou esses dados à Cambridge Analytica.

Executivos dessa empresa com sede em Londres foram flagrados nos últimos meses explicando como faziam para manipular o resultado de eleições pelo mundo usando perfis desviados do Facebook, entre elas a corrida presidenci­al americana de 2016 e o referendo sobre o “brexit”.

O escândalo trouxe à tona uma prática comum no Facebook —ex-executivos da empresa dizem que não havia nenhum controle sobre o que AÇÕES SOBEM No mercado de ações, as reações foram catastrófi­cas. Nesta semana, o Facebook perdeu mais de R$ 160 bilhões em valor de mercado, e papéis da empresa na Bolsa de Nova York tiveram a sua pior retração em quatro anos.

Nesta quarta (21), as ações continuara­m em queda e só inverteram sa tendência depois do pronunciam­ento de Zuckerberg, chegando ao fim do dia com uma alta de 0,74%.

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Reprodução O presidente-executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, durante entrevista à rede CNN
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