Tinha como objetivo não prejudicar motoristas atingidos pelas fortes chuvas.
O prefeito João Doria (PSDB) deixou de utilizar, desde que ele assumiu, a maior parte do dinheiro previsto para obras e manutenção antienchente em São Paulo.
E neste começo de 2018 a tendência se repete: em quase três meses, os gastos do tucano com programas de drenagem ficaram bem abaixo inclusive do que com asfaltamento de rua e publicidade.
No ano passado, a administração Doria gastou apenas 33% do orçado em ação contra enchentes —R$ 275 milhões de R$ 825 milhões.
Neste ano, as despesas até esta semana não chegavam a 2% do valor anual previsto — só R$ 10 milhões, de um montante de R$ 584 milhões.
Na terça-feira (20), a capital paulista enfrentou sérios transtornos com alagamentos e registrou três mortes em consequência da chuva. As vítimas foram uma criança, uma idosa e um segurança.
Doria deve deixar a prefeitura até o começo de abril para ser candidato ao governo de São Paulo pelo PSDB.
O programa Asfalto Novo é aposta do tucano para impulsioná-lo nas eleições.
Só em 2018, Doria já gastou R$ 40 milhões com recapeamento e pavimentação de vias —quatro vezes a quantia destinada para drenagem.
No total, foram anunciados R$ 550 milhões para recuperação de 400 km de ruas e avenidas ao longo do ano.
Como já havia mostrado a Folha, essa quantia prevista para asfaltamento supera inclusive a expectativa de investimentos (e não custeio, como salários) nas áreas de saúde (R$ 545 milhões) ou educação (R$ 168 milhões) em 2018.
A velocidade dos gastos de Doria com publicidade, parte dela referente ao Asfalto Novo, também tem superado a das ações de combate a enchentes —já foram gastos em menos de três meses R$ 24 milhões, do valor de R$ 105 milhões previsto no ano.
Entre as medidas antien- chente que não avançaram estão drenagem de córregos na periferia de São Paulo e construção de sistemas de drenagem. A manutenção também foi prejudicada.
Com baixo investimento em 2017, as obras estruturais acabaram se alongando.
O plano do prefeito para as chuvas deste ano, anunciado no ano passado, previa que somente duas de seis importantes obras beneficiariam a cidade ainda no verão. BOMBEIROS O temporal que atingiu a capital paulista entre a tarde e a noite de terça ainda provocava reflexos na manhã desta quarta-feira (21).
O aguaceiro inundou pelo menos 52 pontos da cidade e afetou 45 semáforos. Por volta das 11h desta quarta, 36 equipamentos seguiam apagados e 7 em amarelo piscante, de acordo com a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego). Ao todo, São Paulo possui 6.400 semáforos.
Os bombeiros informaram que atenderam 95 ocorrências relacionadas a árvores. Foram 82 na terça e 13 até as 9h desta quarta. Segundo Marcos Palumbo, capitão porta-voz da corporação, os atendimentos
2017 Mudança na conta Neste ano, a prefeitura retirou do orçamento o chamado “programa de drenagem”, portanto a Folha levantou os valores com base nas atividades de obra e manutenção antienchente incluem quedas de árvores, galhos e estruturas que não caíram por completo ou ainda que estão em perigo.
Os bombeiros ainda foram acionados em outras 105 chamadas de moradores para atender casos de inundação.
Além disso, foram registrados 29 trechos intransitáveis —de um total de 52 pontos de jan - 19.mar.2018 alagamento— que afetaram corredores de transporte como a marginal Tietê e as avenidas Rebouças e 23 de Maio.
Devido aos transtornos, a Secretaria de Transportes cancelou as multas aplicadas pelos motoristas que desrespeitaram as regras do rodízio das 17h às 20h de terça. A prefeitura afirmou que a medida MORTES No Limão (zona norte), parte da parede de uma casa desabou na rua Maria Renata e atingiu Vitoriana Leão, 85. Ela sofreu parada cardiorrespiratória, chegou a ser socorrida no local, mas morreu. Outras duas pessoas da mesma casa foram socorridas com ferimentos leves.
A segunda morte ocorreu na rua Capitão Francisco Teixeira, na Água Branca (zona oeste), onde há um córrego. Uma menina de 1 ano e nove meses não resistiu ao desabamento de um imóvel.
O capitão Marcos Palumbo diz que a casa foi arrastada pela enchente e as vítimas foram levadas. “Os escombros pararam na boca de um córrego.” Um adulto e outra criança ficaram feridos.
Em Pinheiros, também na zona oeste de São Paulo, o vigilante Gerson de Santana, 43, foi atingido por uma árvore de grande porte que caiu em cima dele e o prendeu. Ele foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros e levado ao Hospital das Clínicas, mas acabou morrendo em seguida.
PREFEITURA DE SÃO PAULO
em nota