Entre 2008 e 2016 foram retiradas ao menos 310 mil toneladas de gordura trans de alimentos, segundo a indústria
Ao mesmo tempo em que recebe apoio de entidades, a proposta de aumentar a restrição deve passar por embates junto às indústrias.
Nos últimos anos, parte do setor já participava de acordos com o Ministério da Saúde para reduzir, de forma voluntária, o percentual de gordura trans nos alimentos.
Segundo a Abia (Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação), entre 2008 e 2016, ao menos 310 mil toneladas foram retiradas.
A imposição de novas medidas, no entanto, deve abrir novos debates. Entre os principais pontos citados pela indústria estão a possível redução nos prazos de validade e um aumento nos custos.
“Sabe-se que a redução da gordura trans tem muitos desafios para a indústria, pois há que se trabalhar em matérias-primas alternativas, estudo e desenvolvimento de novas formulações e adaptação das linhas de produção”, informa a Abia, em nota.
De acordo com a associação, algumas opções disponíveis para substituir a gordura trans —como o uso de gorduras naturalmente duras, como óleo de palma— podem custar entre 25% e 140% mais caro. “Além dos custos, outros desafios também estão em corresponder às expectativas dos consumidores quanto à crocância, textura e sabor, com valores competitivos e opções que contribuam com a saúde”, diz a nota. O QUE PODE SUBSTITUIR Algumas opções são: usar gorduras totalmente hidrogenadas (não geram a gordura trans) com blends de óleos líquidos, ou ainda gorduras naturalmente duras (como óleo de palma) NOS RÓTULOS Desde 2003, a gordura trans deve ser informada na tabela nutricional (exceto se menos que 0,2 g por porção). Especialistas dizem que modelo não é claro e apontam erros OUTROS PAÍSES Antes da discussão ser iniciada no Brasil, outros países já decidiram limitar o uso da gordura trans, caso da Dinamarca e Suíça Em 2015, Estados Unidos decidiram proibir a gordura trans nos alimentos industrializados, com prazo de três anos para a indústria se adequar. Já a Argentina estabeleceu limites máximos, com base nas recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde)