Empresas de alimentos reduzem propagandas direcionadas para crianças
Após a implantação, ao longo de 2017, de um compromisso firmado por 11 grandes empresas de alimentos que atuam no Brasil, o número de propagandas para crianças de produtos por elas considerados inadequados despencou.
A queda foi de 100% em peças publicitárias televisivas, de 98,6% na internet e de 97% em cinemas, segundo a empresa de auditoria KPMG.
Esse valor residual estaria relacionado a falhas na divulgação de conteúdo por parceiros. O anúncio foi feito na terça-feira (20).
As empresas signatárias se comprometem, por exemplo, a não fazer anúncios de chocolates e refrigerantes para crianças. Alguns produtos têm propaganda liberada, como sucos 100% fruta e balas sem açúcar; outros caem em uma classificação intermediária — para poderem ser anunciados, têm de atender critérios nutricionais padronizados.
Grazielle Parenti, diretora de assuntos corporativos e governamentais da Mondelez (dona de marcas como Lacta, Club Social e Philadelphia), afirma que a publicidade é, mesmo que em menor parte, responsável pela obesidade infantil. Segundo ela, os adultos é que têm de ser alvo das peças publicitárias, já que eles é que decidem as compras.
Algumas instituições e setores da sociedade discordam, no entanto, que haja qualquer nível seguro ou aceitável de publicidade voltada para crianças.
O programa Criança e Consumo, do Instituto Alana, por exemplo, tem como bandeira o combate à publicidade infantil baseado em uma resolução do Conanda (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente), órgão colegiado ligado à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Para eles, essas ações são abusivas e ilegais.
O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) e a Opas (Organização Panamericana da Saúde) também já se manifestaram na mesma direção.
As empresas de alimentos, consideram a proibição total inadequada. Segundo Parenti, as iniciativas do Compromisso pela Publicidade Responsável estão resguardadas pelo direito à publicidade garantido pela Constituição.
Participam do acordo voluntário 11 grandes empresas, como Coca-Cola Brasil, Ferrero, General Mills, Kellogg’s, Nestlé e McDonald’s.