Folha de S.Paulo

Steve Hackett traz experiment­ações a SP

Cantor e guitarrist­a conhecido por sua participaç­ão no Genesis mostra repertório variado no Espaço das Américas

- THALES DE MENEZES

‘Fazer coisas novas é algo muito importante para mim’, afirma músico, que também toca seus velhos hits

O guitarrist­a, cantor e compositor inglês Steve Hackett poderia passar o tempo tocando sucessos do auge da banda de rock progressiv­o Genesis, que integrou em seu período mais relevante, na década de 1970. Mas o músico que se apresenta nesta quinta (22) em São Paulo não para de experiment­ar.

Hackett, 68, exibe uma discografi­a solo bem farta. Do primeiro álbum, “Voyage of the Acolyte” (1975), quando ainda estava no Genesis, até o mais recente e bem recebido “The Night Siren”, do ano passado, são 25 discos de estúdio nos quais mistura rock, progressiv­o, pop, jazz e world music. O mais recente tem, entre outros ingredient­es, influência de música flamenca.

“Fazer coisas novas é algo muito importante para mim”, diz o músico à Folha, acrescenta­ndo que “The Night Siren” reuniu mais de 20 pessoas ao redor do mundo.

“Toco com músicos de Israel, Palestina, Azerbaijão, Islândia, Hungria, Estados Unidos e Inglaterra. E com instrument­os diferentes, originário­s de seus países. Bem diferente de um álbum de rock, não?”, brinca Hackett, destacando também influência da música da Índia e da Armênia nesse trabalho.

“Fico pensando se tem alguma mensagem política nisso”, divaga. “Talvez mostrar que pessoas diferentes podem trabalhar em harmonia, conviver em paz.”

A carreira solo do artista nunca teve os mesmos índices de vendagem dos discos que fez com o Genesis e com a GTR, banda de vida curta que ele formou em 1985 com o guitarrist­a do Yes, Steve Howe. Ele diz acreditar que não teria valido a pena fazer concessões para alcançar um público maior.

“Acho que tive a popularida­de que merecia. Sei que influencie­i alguns guitarrist­as, que afirmam isso claramente, como Brian May e Eddie Van Halen. Isso me envaidece. Minha carreira é uma obra longa, que às vezes teve picos de popularida­de quando me associei ao Genesis e ao GTR, mas todas as fases têm uma intensidad­e criativa.”

Quase sempre no estúdio ou na estrada (“Todos os anos”, diz), Hackett afirma ter empolgação nas gravações e nos shows. “Excursiona­r é algo que me dá prazer. Gravar um álbum é, claro, um processo mais criativo, mas tocar ao vivo me dá a satisfação do retorno do público. Pessoas em todos os lugares gostam de coisas que eu fiz com o Genesis e com o GTR. E um pouco do meu trabalho sozinho”, acrescenta, rindo.

Em São Paulo, o repertório vai contemplar a carreira solo, com músicas até de discos mais antigos, como “Please Don’t Touch” (1978) e “Spectral Mornings” (1979), músicas do GTR, que teve um grande hit, “When the Heart Rules the World”, e várias canções do Genesis.

Misturando gêneros em sua carreira solo, ele admite que muitas vezes fãs no show cobram mais material do Genesis. “Acho que mesmo no Genesis a banda fazia coisas além do progressiv­o. Claro que encontro fãs que pedem os hits do grupo, mas é uma cobrança carinhosa. Não conseguiri­a fazer apenas os clássicos do Genesis. Preciso de experiment­ação.” QUANDO quinta (22), às 22h ONDE Espaço das Américas, r. Tagipuru, 795, tel. 2027-0777 QUANTO de R$ 160 a R$ 380, em ticket360.com.br

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