Folha de S.Paulo

É preciso inovar no combate ao crime, dizem especialis­tas

- LEONARDO NEIVA

A falta da aplicação de práticas inovadoras para solucionar problemas de segurança pública é a principal razão para o país não ter alcançado ainda bons resultados na área, segundo participan­tes de seminário sobre inovação no Centro-Oeste.

Indicadore­s recentes da violência, como o aumento do encarceram­ento e da criminalid­ade, mostram que o combate ao crime está estagnado, segundo Pedro Luiz Costa, coordenado­r de estudos e políticas de Estado do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), órgão do Ministério do Planejamen­to.

“Nossa política de segurança aponta para uma incapacida­de de lidar com um dos problemas mais tradiciona­is do Estado”, afirmou Costa.

Em 2016, os homicídios no Brasil alcançaram o maior patamar de sua história: foram 61,6 mil mortes violentas, segundo estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Costa sugere que as autoridade­s comecem a se espelhar em outras áreas de gestão pública, como a social ou de infraestru­tura, propondo alternativ­as, parcerias e repensando constantem­ente o problema sob outra ótica.

Para o secretário de Gestão e Planejamen­to de Goiás, Joaquim Mesquita, esse novo ponto de vista para o combate à criminalid­ade deve estar focado em maiores incentivos à educação pública. EDUCAÇÃO “Quando estava à frente da secretaria de Segurança Pública, um levantamen­to apontou que, dos 6.000 presos do sistema carcerário, nenhum havia concluído o ensino médio no tempo certo ou tinha nível superior”, afirmou Mesquita, que já foi delegado da Polícia Federal.

“Frequentar a escola fará com que essas pessoas deixem de ser massa de manobra para criminosos”, disse.

Uma série de rebeliões em penitenciá­rias goianas deixou nove mortos e 14 feridos no início deste ano. O estado tem a quarta maior taxa de homicídios do Brasil, segundo estudo do Ipea.

De acordo com o secretário, a principal iniciativa do governo de Goiás na educação tem sido monitorar a frequência e o motivo do não comparecim­ento de jovens nas escolas, por meio da integração dos sistemas de informação de saúde, ensino e programas sociais.

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