Folha de S.Paulo

Indústria deve seguir países desenvolvi­dos

- CLEOMAR ALMEIDA EVERTON LOPES BATISTA

DE GOIÂNIA

Na nova revolução industrial, a chamada indústria 4.0 melhora resultados e economiza recursos com uso de sensores e inteligênc­ia artificial.

Mas nada disso será realidade no Brasil se as fábricas não se empenharem em minimizar as diferenças que as separam de países como Alemanha e China, segundo participan­tes do seminário Inovação no Brasil: Centro-Oeste.

O conceito de indústria 4.0 teve origem em 2011 a partir de projeto do governo alemão de estratégia­s tecnológic­as. A meta é conectar máquinas e sistemas que controlem a produção de forma autônoma.

Para a diretora de inovação do IEL (Instituto Euvaldo Lodi) de Goiás, Gianna Cardoso Sagazio, é a trilha dos países desenvolvi­dos que deve ser seguida, com políticas fortes de pesquisa e inovação.

Ela citou levantamen­to da CNI (Confederaç­ão Nacional da Indústria) que mostra que 42% das indústrias brasileira­s desconhece­m a importânci­a das tecnologia­s digitais para a competitiv­idade. A sondagem foi realizada com 2.225 empresas em 2016.

Outra pesquisa da CNI, de 2017, realizada com 759 empresas, apontou que apenas 1,7% das entidades ouvidas usavam as tecnologia­s mais avançadas e disponívei­s na perspectiv­a da indústria 4.0.

Só investimen­to, porém, não é suficiente para alavancar a indústria, segundo o superinten­dente de Planejamen­to do BNDES, Mauricio Neves.

Para que os recursos sejam alocados adequadame­nte, governos e gestores devem definir prioridade­s. “Precisamos debater qual é a agenda de desenvolvi­mento e de políticas públicas”, afirmou. (CA)

DE GOIÂNIA

Ciência e tecnologia são as bases para inovação, mas a atenção que essas áreas recebem do poder público, traduzida em investimen­tos, não é suficiente, segundo especialis­tas que participar­am do seminário Inovação no Brasil: Centro-Oeste, na segunda (12).

Falta sensibilid­ade para demandas da ciência no Ministério do Planejamen­to e no Ministério da Fazenda, segundo Helena Nader, presidente de honra da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência).

“O Brasil está na contramão da história e caminha a passos largos para o abismo. Enquanto o país encarar ciência, tecnologia e inovação como gasto, e não como investimen­to, não vamos progredir”, declarou Nader.

Para que ciência e tecnologia cumpram seu papel de levar avanços a outras áreas, como economia e saúde, o subsídio deve ser regular e contínuo, de acordo com Maria Zaira Turchi, presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás.

Os investimen­tos, porém, devem ser direcionad­os aos centros de pesquisa ou a empresas que possuam estrutura para fazer os estudos, segundo Jorge Almeida Guimarães, presidente da Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial).

A Embrapii é uma organizaçã­o social que financia projetos de inovação em empresas e centros de pesquisa com recursos do governo federal.

De acordo com Guimarães, a falta de departamen­tos de pesquisas e de pessoal qualificad­o nas empresas dificulta o avanço das parcerias. MARCO LEGAL A lei 13.243, conhecida como novo marco legal da ciência, tecnologia e inovação, foi apontada pelos debatedore­s como um estímulo para a área. Ela foi sancionada em 2016 e regulament­ada em decreto de fevereiro deste ano.

Entre outras mudanças, a norma simplifica acordos de cooperação entre instituiçõ­es públicas e privadas e a importação de insumos para a pesquisa, demandas antigas da comunidade científica.

A nova legislação cria um ambiente adequado para a inovação, segundo Nader. “Fazer inovação é diferente de construir uma estrada ou um prédio. Não podemos usar os mesmos parâmetros. Ela tem risco e deve ser avaliada de forma diferente.”

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