Folha de S.Paulo

Após áudios, consórcio tenta na Justiça travar PPP da luz em SP

Concorrênc­ia é investigad­a por suspeita de fraude; segundo a prefeitura, não há ilegalidad­e

- TAÍS HIRATA JOANA CUNHA NICOLA PAMPLONA

Grupo formado por WTorre teve um pedido negado, mas diz que vai recorrer e promete uma batalha judicial

O consórcio Walks, do qual faz parte o grupo WTorre, deverá pressionar na Justiça pela suspensão do contrato bilionário da PPP (Parceria Público-Privada) da iluminação pública na cidade de São Paulo, que está sob investigaç­ão por suspeita de fraude.

Com a divulgação de áudios sobre suposto favorecime­nto ao consórcio FM Rodrigues/ Consladel na concorrênc­ia, o grupo pediu, nesta sexta-feira (23), uma reconsider­ação de um mandado de segurança que já havia sido negado pela 12ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo.

“Pedimos a reconsider­ação do processo, devido aos novos eventos que confirmam nossa percepção [de favorecime­nto à FM Rodrigues/ Consladel]”, afirmou Bruno Aurélio, sócio do escritório Tauil & Chequer Advogados, que representa o grupo.

O pedido, porém, foi novamente recusado. Mesmo com a negativa, o advogado disse que o consórcio vai recorrer.

As gravações, divulgadas na noite de terça-feira (20), revelam uma suposta preferênci­a de Denise Abreu, então diretora do Ilume (Departamen­to de Iluminação Pública da capital), pelo consórcio FM Rodrigues/Consladel.

Nos áudios, Abreu chega a usar a primeira pessoa do plural, “nós”, ao se referir à FM Rodrigues e se declara inimiga de Walter Torre, empresário do consórcio concorrent­e.

A publicação levou à demissão de Abreu e ao início de uma investigaç­ão da CGM (Controlado­ria-Geral do Mu- nicípio) sobre a concorrênc­ia —a depender da apuração, a PPP poderá ser suspensa, mas, enquanto isso, segue normalment­e, segundo a Prefeitura de São Paulo.

Em paralelo, o Ministério Público também conduz um inquérito sobre o processo. BATALHA JUDICIAL A ação de sexta não é a única disputa judicial entre as empresas e a prefeitura. A concorrênc­ia pela PPP, que envolve um contrato de R$ 7 bilhões, já se arrasta há dois anos, marcados por diversos processos.

Na quarta (21), dia da demissão de Abreu, o Walks havia sofrido outra derrota, em uma ação já na segunda instância —da qual o grupo também vai recorrer.

Nessa decisão, o desembarga­dor destacou que não seria recomendáv­el interrompe­r a prestação de um serviço de interesse público, como a iluminação.

Para a prefeitura, as derrotas judiciais “demonstram que a Comissão Especial de Licitação conduziu os trabalhos da licitação da PPP de forma transparen­te e respeitand­o a lei”.

A gestão ainda afirmou que o Walks foi desclassif­icado da concorrênc­ia porque um de seus integrante­s, a Quaatro, é controlado­ra da Alumini, que foi impedida de firmar contratos públicos pela CGU (Controlado­ria-Geral da União).

Procurada, a FM Rodrigues não quis se manifestar.

O sistema de transmissã­o da energia de Belo Monte vai operar com restrições até que sejam identifica­das as causas do apagão de quarta-feira (21). Projetado para operar com até 4.000 megawatts (MW), a linha que sai da usina poderá levar, no máximo, 1.700 MW.

A restrição foi anunciada pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) nesta sexta (23). O blecaute foi provocado por erro no ajuste do sistema de proteção de um disjuntor, que estava preparado para operar com volume menor.

No momento do apagão, o sistema operava com 3.700 MW. A subestação e as linhas de transmissã­o foram inaugurada­s em dezembro e haviam recebido, na quarta, autorizaçã­o para atingir a capacidade máxima.

O apagão atingiu 13 estados, deixando 70 milhões de pessoas sem luz. A região mais afetada foi o Nordeste.

O ONS anunciou que espera finalizar as investigaç­ões em dez dias.

A Belo Monte Transmissã­o de Energia (BMTE), que é operadora da subestação, disse que houve operação indevida do sistema de proteção do disjuntor.

Mas negou falha no equipament­o. A BMTE é controlada pela chinesa State Grid.

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Edilson Dantas - 2.ago.14/Folhapress Prefeitura de São Paulo troca lâmpadas na região central

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