Folha de S.Paulo

Torcida única amplia domínio de donos da casa em clássicos

Desde o fim da divisão das arquibanca­das, quantidade de vitórias dos times mandantes em São Paulo cresceu

- EDUARDO GERAQUE LUIZ COSENZO

Santos e Palmeiras se enfrentam neste sábado, no Pacaembu, apenas com torcedores da equipe alvinegra

O cenário construído pela torcida única nos clássicos estaduais de São Paulo indica a ampliação do favoritism­o de quem joga em casa.

As vitórias das equipes que atuam como mandantes, desde que a medida entrou em vigor, em abril de 2016, subiram de 46% para 63%.

Foram analisados pela Folha todos os jogos entre os quatro grandes do estado, desde 2011. Até agora, ocorreram 38 clássicos com apenas uma torcida no estádio.

A porcentage­m de triunfos dos visitantes quase não mudou, caiu de 22% para 21%. Houve queda consideráv­el na porcentage­m de empates.

Eles caíram de 32% para 16%. O aumento maior, consequent­emente, foi no total de vitórias dos mandantes.

Os técnicos de Santos e Palmeiras, que enfrentams­e neste sábado (24), às 19h, no Pacaembu, pelas semifinais do Campeonato Paulista concordam que a atmosfera dos clássicos em São Paulo influencia­m o que ocorre dentro dos gramados.

“É um assunto que realmente merece um estudo. Posso dizer que no clássico em Itaquera [na fase de classifica­ção do Paulista, o Corinthian­s venceu por 2 a 0 em casa] senti muita falta do nosso torcedor”, afirma Roger Machado, técnico do Palmeiras.

Ele diz que a torcida única é algo aceitável em razão da violência que existe entre as torcidas no futebol.

“Mas, quem sabe, poderemos voltar a discutir o assunto no futuro”, pondera.

O santista Jair Ventura tem uma opinião semelhante.

“O ideal seria dividir as torcidas, mas pela violência isso não é possível. Com certeza, quem atua em casa leva vantagem [esportiva] sim”, disse o técnico santista.

Desde que chegou ao clube, ele comandou o time em três clássicos. Empatou em casa com o Corinthian­s, ganhou do São Paulo no Morumbi, jogando na base dos contragolp­es, e perdeu para o Palmeiras na arena do rival.

O palmeirens­e Roger perdeu em Itaquera, mas ganhou de Santos e São Paulo, ambos os jogos no Allianz Parque.

Dorival Júnior, ex-técnico do São Paulo e que também comandou o Santos em clássicos com torcida única, concorda que a medida acaba influencia­ndo os resultados.

“As equipes com o estádio todo favorável se sentem até mais confortáve­is, mais seguras, para mudar sua forma de jogar. O time mandante tem prevalecid­o. Isso é um fato que temos que considerar”, afirma o treinador.

No período de quase dois anos da medida, foram apenas oito vitórias dos times visitantes. O Santos foi quem mais venceu fora de casa. Foram três triunfos. Corinthian­s e Palmeiras venceram dois clássicos como visitantes e o São Paulo ganhou apenas um. IRREVERSÍV­EL O veto à torcida visitante em clássicos foi implementa­do em abril de 2016, após confronto entre integrante­s das torcidas Mancha Alvi Verde, do Palmeiras, e Gaviões da Fiel, do Corinthian­s, que deixou dezenas de feridos e uma pessoa morta.

A medida, porém, não evitou brigas nos dias de partidas entre os rivais paulistas. Três pessoas morreram em confrontos fora do estádio desde que a exigência de torcida única foi adotada em São Paulo.

De acordo com o Ministério Público do Estado de São Paulo e a Polícia Militar, a medida em São Paulo é irreversív­el. Segundo dados oficiais, na comparação entre 20 clássicos antes e depois da adoção da torcida única, o número de confrontos entre organizada­s caiu de 16 para 8.

O público registrado nos mesmos jogos cresceu 24%. 70% 70% 50%

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