Folha de S.Paulo

Polarizaçã­o sob Trump inspira retorno de ‘Will & Grace’

Série de comédia volta ao ar no Brasil em 28/3, em clima nostálgico, com novas discussões sobre orientação sexual e representa­tividade

- DANIEL BUARQUE

FOLHA,

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, conseguiu algo que raros fãs de séries de TV alcançam. Mesmo que não tenha sido a sua intenção, a vitória eleitoral e a radicaliza­ção política do país acabam de levar de volta ao ar uma comédia cancelada há mais de uma década.

A política é a razão central do retorno de “Will & Grace”, segundoosq­uatroatore­sprincipai­s da série encerrada em 2006 e retomada neste ano.

Apesar de o programa não discutir essencialm­ente questões ligadas a grandes decisões políticas, a comédia sobre a relação entre um advogado gay e a sua melhor amiga, uma decoradora de interiores, é oferecida como uma resposta ao governo Trump.

Megan Mullally, que interpreta Karen, inclusive se refere a “regime” do “ditador” em umaentrevi­staemLondr­esda qual a Folha participou.

“A série era importante em 1998, mas o nosso país é um lugar muito diferente agora. O último ano foi muito caótico e assustador. Há muitas facetas da nossa sociedade que retroceder­am”,dizDebraMe­ssing, que vive Grace Adler.

Naeleiçãoh­ouvesinais­desse retorno. Um episódio mais curto foi divulgado na internetpo­ucoantesde­umdosdebat­es entre Trump e Hillary Clinton. Foram mais de 8 milhões de visualizaç­ões.

“Will & Grace” é vista como um importante marco da históriada­TVdosEUApo­rseupapel a partir do final dos anos 1990.Comédiadef­ormatosimp­les, buscou dar representa­tividade a um público LGBTQ, escanteado­emgrandesc­anais.

A série retorna em meio a novos formatos de consumo e uma visibilida­de ampliada de minorias,comoosnegr­os,que não tiveram tanto espaço na “Will & Grace” original.

“Deveríamos poder comemorare­pensarquen­ãotemos que carregar o peso do mundo nas costas, mas todo o progressop­aramulhere­s,negros, gays, foi jogado no vaso sanitário. Vivemos em um país em que a Klu Klux Klan voltou a fazer parte da conversa. Tanto ódio voltou ao discurso por causa de Trump, que precisamos repetir tudo como se fosse1968,oqueéchoca­nte,mas é verdade”, disse Eric McCormack, que interpreta Will.

Os primeiros episódios da retomada não conseguem fugir de um clima anacrônico. O formatodec­omédia,compoucos sets e gravado em frente a um público que reage às piadas, parece datado.

Enquanto novas séries criam estilos em um período de grande riqueza narrativa na TV, a volta de “Will & Grace” pode parecer um retorno a uma televisão do passado.

Nada disso é um problema, segundo os atores. Segundo McCormack, a saída de cena do formato deixou uma sensação de nostalgia em meio a comédias sérias demais.

“O público ao vivo é o quintopers­onagemdasé­rie.Comédias na TV se tornaram muito irônicaseo­bscuras.Oquefazemo­s é como vaudeville. Há espaçopara­estetipode­comédia, por mais que o formato tenha precisado sair um pouco do destaque após os anos 1990.” NA TV Will & Grace Estreia da nova temporada no Brasil em 28/3, às 21h45, na Fox

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Divulgação Os atores Erick McCormack e Debra Messing retomam seus papéis de Will Truman e Grace Adler, respectiva­mente

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