Folha de S.Paulo

Por um MP independen­te do Executivo

Combati o PCC e, com 30 anos de instituiçã­o, entendo que o procurador-geral deva ter em mente apenas o MP que lidera, e nada mais

- MARCIO CHRISTINO www.folha.com.br/paineldole­itor saa@grupofolha.com.br 0800-775-8080 Grande São Paulo: (11) 3224-3090 ombudsman@grupofolha.com.br 0800-015-9000

Ingressei no Ministério Público aos 23 anos. Este ano, completare­i 30 anos na instituiçã­o. Não esqueço o orgulho de meus pais quando souberam que eu havia passado no concurso. Nunca recebi outro tipo de remuneraçã­o, exceto como professor, e fui estagiário do MP durante a faculdade. Constituí família e ela cresceu neste período. O MP foi o sustentácu­lo deste cresciment­o.

Sempre busquei fazer o máximo que podia. Tive o apreço de meus pares em todas as ocasiões. Fui secretário da 3ª. Promotoria Criminal na Capital, membro de grupos especiais, SAI (Serviço de Análise e Informação), Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), Gecep (Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial), secretário da Procurador­ia de Justiça Criminal, membro mais votado do Conselho Superior do Ministério Público e agora eleito para o Órgão Especial do Colégio de Procurador­es.

Apresentei-me para o desafio do embate contra o crime organizado e travei batalhas contra o Primeiro Comando da Capital; acusei e, com sucesso, consegui a condenação de todas as lideranças. Busquei a identifica­ção dos assassinos do juiz Antônio José Machado Dias em Presidente Prudente —todos foram condenados— e o esclarecim­ento dos ataques de 2006 com o desmonte da maior célula operaciona­l do PCC de então, a malsinada Célula Oeste. Fui à Procurador­ia Criminal, onde continuei o enfrentame­nto.

No Conselho Superior, questionei o preconceit­o social e reafirmei a independên­cia funcional. Agora tenho a oportunida­de de devolver ao MP e à sociedade tudo o que recebi. Na condição de procurador­geral, quero um MP independen­te, sem vínculos com o Executivo por meio da quarentena, como sempre defendi. O procurador-geral deve ter em mente apenas o MP que lidera, e nada mais.

Quero ainda a limitação de tempo para esses afastament­os em cargos do Executivo e para o assessoram­ento. Os vínculos com o MP não podem ser rompidos; afinal, é pela atuação na instituiçã­o que um membro é chamado a compor a administra­ção do Estado. Quero também a possibilid­ade de todos participar­em dos órgãos da administra­ção superior do MP. Não deve existir a limitação para o cargo máximo.

Precisamos de uma atuação racional e moderna, para atuarmos sempre de acordo com o interesse público. Pressupost­o de nossa atuação é um orçamento adequado ao que o MP se propõe a fazer. Não aceito a precificaç­ão do MP, não aceito seu apequename­nto, a redução a uma questão financeira. Não somos arrecadado­res, não podemos ser obrigados ao custeament­o de nossa atividade porque, no dia em que isso acontecer, não teremos mais um Ministério Público.

O papel do Ministério Público é defender a democracia, os direitos fundamenta­is e a Constituiç­ão. O dia em que reduzirmos esses valores a um preço qualquer estaremos a um degrau da tirania.

A democracia é sem dúvida a mais onerosa das formas de governo, talvez não seja a ideal, mas sem dúvida é melhor que todas as demais, como já se disse.

Participan­do de tudo o que participei nesses 30 anos, só posso dizer que tenho orgulho do Ministério Público, orgulho de ser procurador de Justiça, e que pretendo deixar o MP-SP melhor e mais forte do que o encontrei, para o bem da sociedade e do país. MARCIO CHRISTINO,

É fundamenta­l que todos assistam à série. É muito mais do que entretenim­ento. Padilha usa seu ofício para denunciar a podridão da política brasileira.

MARCOS BARBOSA

Prisão após 2ª instância O Congresso (cuja qualidade decai a cada legislatur­a) jamais aprovará uma emenda que elimine o conflito entre a civilizató­ria prisão após condenação em segundo grau e a atual redação da Carta Magna. Daí que, entre ativismo judicial e banditismo político, o senso de autopreser­vação me obriga a optar pelo primeiro. Luís Roberto Barroso, Edson Fachin, “tamo junto”.

ALEXANDRE EFFORI DE MELLO

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Espetacula­r. Gregorio Duvivier consegue se superar mais uma vez (“Um pouquinho de ufanismo”, Ilustrada, 26/3). Não precisamos de Prêmio Nobel, precisamos de outras coisas.

MARIA ANGELA P. MANGEON ELIAS

Duvivier traz consigo e processa um humor inteligent­e, ousado e rico. Parabéns. Aos 71 anos, muito saboreio a sua escrita. Continue nos brindando.

JOSÉ ORLANDO DE SIQUEIRA

Clássico Juca Kfouri viu outro jogo ao dizer que o primeiro tempo do jogo entre São Paulo e Corinthian­s foi de doer (“Medo majestoso”, Esporte, 26/3). A partida foi interessan­te e boa.

ANGELO GALDI

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