Folha de S.Paulo

ANÁLISE Medida limita capacidade russa para diplomacia e espionagem

- RICHARD PÉREZ-PEÑA

A expulsão de dezenas de diplomatas russos por países europeus nesta segundafei­ra (26) é uma rara reação coordenada contra a Rússia.

Somadas à exclusão de 60 russos pelos EUA e 4 pelo Canadá, as medidas são um golpe contra a capacidade russa de fazer diplomacia e —se os países expulsores estiverem corretos a respeito da identidade de alguns diplomatas— operações de espionagem.

Também demonstrar­am notável união da Europa em apoio ao Reino Unido em um momento em que o “brexit” e outras tensões ameaçam a coesão do continente.

Londres acusa Moscou de ter usado um agente neurotóxic­o poderoso para envenenar o ex-espião Serguei Skripal, 66, e sua filha Iulia, 33, em 4 de março na cidade de Salisbury. O Kremlin refuta as acusações.

Os Skripal continuam internados sob risco de nunca recuperare­m totalmente as capacidade­s mentais.

Anthony Glees, diretor do Centro para Estudos de Segurança e Inteligênc­ia da Universida­de de Buckingham, no Reino Unido, disse que as expulsões prejudicar­iam a Rússia ao limitar suas capacidade­s de obter informaçõe­s.

Ao contrário das expulsões na era soviética, os russos não têm mais aliados na Europa Oriental que possam realizar o trabalho para eles, sobretudo no Reino Unido.

“Não há substituto­s desta vez”, disse Glees. “Os alemães estão do nosso lado, os tchecos estão do nosso lado.”

Ian Bremmer, presidente da consultori­a de riscos em política internacio­nal Eurasia Group, escreveu que a expulsão pelo governo Trump de 60 russos e o fechamento do consulado em Seattle é uma “medida maior” que a tomada pelos europeus.

“Está ficando mais difícil dizer que Trump trata Putin com luvas de pelica”, disse.

A reação americana nesta segunda supera a expulsão de 35 funcionári­os diplomátic­os russos pelo governo de Barack Obama em dezembro de 2016, até então a mais numerosa desde 2001. A medida fora tomada em retaliação à suposta tentativa russa de interferir na eleição presidenci­al americana naquele ano. POLÔNIA

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