Rússia acorda de luto depois de incêndio com 64 mortos
Segundo investigadores, funcionários desligaram alarme e portas foram bloqueadas em shopping da tragédia
FOLHA
A Rússia acordou de luto na segunda-feira (26) e assim viveu o dia que sucedeu o incêndio que deixou 64 mortos em um shopping de Kemerovo, na Sibéria, a 3.600 quilômetros de Moscou.
O fogo começou no andar superior e se espalhou pelo shopping Cereja do Inverno. Segundo relatos, as portas de emergência não abriram, o que impossibilitou a fuga das vítimas. O alarme de incêndio também não teria tocado.
Em comunicado, a Comissão Investigativa da Rússia, o órgão que investiga grandes crimes no país, também disse que havia irregularidades sérias na construção.
Segundo o órgão, um funcionário desligou o alarme quando foi informado sobre o início das chamas e diversas saídas de emergência estavam bloqueadas, incluindo as de um cinema, onde desabaram os tetos de duas salas.
Foi neste local que foi encontrada a maioria dos corpos. Muitas pessoas morreram queimadas, outras por inalação de fumaça. Havia muitas crianças no local.
A comissária de direitos das crianças da Rússia, Anna Kuznetsova, disse que o incêndio foi causado por incompetência, e advertiu que há muitos shoppings em situação semelhante no país.
“Outras regiões, os donos de outros shoppings precisam agora, sem esperar por verificações de rotina, se perguntar: ‘Nós fizemos tudo que podemos para garantir que algo assim não aconteça aqui?”, disse Kuznetsova.
O presidente Vladimir Putin falou logo após a tragédia, expressou condolências e cobrou respostas rápidas.
No centro de Moscou, o escritório de representação de Kemerovo virou um lugar de homenagens às vítimas. Uma espécie de altar foi criado, com flores, velas e animais de pelúcia sendo depositados.
A seleção russa de futebol observou um minuto de silêncio antes do treino nesta segunda e homenagens acontecerão nesta terça (27) em amistoso contra a França.
A agência de contrainteligência polonesa anunciou a detenção de um homem acusado de espionar para a Rússia e transmitir informações sobre projetos de energia.
Stanislaw Zaryn, portavoz do ministro dos serviços secretos, disse que o homem, identificado como Marek W., “trabalhava supervisionando os investimentos econômicos na Polônia” e “angariando fundos para a diversificação do suprimento de gás para a Polônia”.
A Europa é altamente dependente de importações de gás russo, e a Polônia vem tentando diversificar esse suprimento nos últimos anos.
A Gazprom, gigante energética estatal russa, quer construir um grande gasoduto, o Nord Stream 2, da Rússia à Alemanha, contornando a Polônia, e esta tem imposto obstáculos ao projeto.
Luiz Roberto Mendes Gonçalves