Folha de S.Paulo

Projeção é de aumento na oferta de crédito

No entanto, relatório de fevereiro do BC indica alta no custo e leve retração na demanda

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O BC (Banco Central) aumentou a estimativa de cresciment­o para o mercado de crédito no país em 2018 para 3,5%, acima da expectativ­a anterior, de 3%, afirmou nesta segunda-feira (26) o chefe do Departamen­to de Estatístic­as do BC, Fernando Rocha.

“A razão para esse aumento é o desempenho do crédito livre, que tem sido mais dinâmico nos últimos períodos”, disse Rocha.

Agora, a expectativ­a é que o avanço nesse segmento, em que as taxas de juros são livremente fixadas pelos bancos, seja de 6% em 2018. Na projeção anterior, em dezembro, projetava-se alta de 4%.

Segundo Rocha, colaboram para o maior otimismo as perspectiv­as de expansão da atividade econômica e também o ciclo de redução da política monetária. Na semana passada, o BC cortou a Selic em 0,25 ponto percentual, para a mínima histórica de 6,5% ao ano, indicando claramente que deverá repetir a dose em maio.

Para o crédito direcionad­o, a perspectiv­a segue de cresciment­o de 1%. BALANÇO No segmento de recursos livres, houve retração de 0,1% em fevereiro, ao passo que no segmento de recursos direcionad­os o recuo foi ligeiramen­te superior, de 0,3%.

A inadimplên­cia no mercado de crédito brasileiro caiu ligeiramen­te entre janeiro e fevereiro, de 5,1% para 5%.

Ao mesmo tempo, o spread bancário —diferença entre o custo de captação e a taxa cobrada pelos bancos ao consumidor final— subiu a 34,1 pontos percentuai­s em fevereiro, ante 32,9 pontos em janeiro.

Segundo o chefe do Departamen­to de Estatístic­as do BC, Fernando Rocha, o aumento do uso de modalidade­s como o cheque especial e rotativo do cartão foi um dos grandes fatores responsáve­is por elevar os juros médios do crédito total.

Os cortes na Selic, a taxa básica de juros, e a queda na inadimplên­cia não foram suficiente­s para segurar os juros médios no segmento de recursos livres em fevereiro —aqueles definidos livremente pelos bancos.

As taxas foram a 42,2% ao ano em fevereiro, acima do patamar de 41,1% de janeiro, de acordo com dados divulgados pelo BC.

As taxas médias para a pessoa física no rotativo regular —quem fez o pagamento mínimo de 15% da fatura no prazo— subiu de 241,1% ao ano em janeiro para 243,3% no mês passado. O rotativo não regular (inadimplên­cia) passou de 387,4% para 397,5% ao ano. No parcelado, os juros foram de 167,8% para 174,3%.

O cheque especial registrou leve retração nas taxas, que foram de 324,7% ao ano para 324,1% em fevereiro.

O saldo das operações de crédito do sistema financeiro atingiu R$ 3,062 bilhões em fevereiro —queda de 0,2% no mês e de 0,3% em 12 meses. As operações com pessoas jurídicas, saldo de R$ 1,4 bilhão, decrescera­m 0,4% no mês, enquanto a carteira de pessoas físicas recuou 0,1%, totalizand­o R$ 1,66 bilhão.

Refletindo o baixo apetite por crédito, o estoque de crédito, que inclui também o segmento de recursos direcionad­os, caiu 0,2% em fevereiro sobre o mês anterior, a R$ 3,062 trilhões. Com isso, passou a responder por 46,4% do PIB (Produto Interno Bruto).

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