UE já discute ações para barrar aço asiático
Comissão dá início a estudo sobre aumento de importação de insumo na Europa após restrição dos EUA com tarifas
Órgão diz que poderá haver imposição de salvaguardas para evitar inundação do produto no bloco
A União Europeia deu início, nesta segunda-feira (26), a um estudo para avaliar se as tarifas de importação impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao aço justificam medidas para impedir que produtores asiáticos, predominantemente, inundem a Europa com o insumo.
As tarifas de Trump, de 25% sobre aço e de 10% sobre alumínio, entraram em vigor na sexta (23), embora a UE e seis outros países, incluindo o Brasil, tenham garantido isenções temporárias.
A União Europeia está preocupada com a possibilidade de os fabricantes de aço sujeitos às tarifas dos EUA desviarem seus produtos para a Europa, levando a um aumento das importações.
O estudo, com previsão de duração de até nove meses, pode levar a UE a impor suas próprias cotas ou tarifas sobre o aço, incluindo aço inoxidável e tubos, para evitar danos à sua indústria.
As tarifas ou cotas teriam de se aplicar a todos os países, o que significa que os principais exportadores —China, Índia, Rússia, Coreia do Sul e Turquia— seriam atingidos pelas medidas.
O aço dos EUA representa menos de 1% das importações do insumo da UE.
“A informação atualmente disponível à Comissão Europeia revelou que as importações de certos produtos siderúrgicos aumentaram acentuadamente recentemente, mostrando que há evidências suficientes de que essas tendências parecem exigir medidas de salvaguardas”, disse a Comissão Europeia em um documento publicado no jornal oficial da UE nesta segunda.
O Ministério do Comércio da China disse estar disposto a fortalecer a coordenação com a UE para lidar com o caos causado pelas tarifas dos EUA, acrescentando que medidas de proteção só piorariam a situação.
A Comissão Europeia afirmou que as importações totais de aço aumentaram para 29,3 milhões de toneladas em 2017, ante 17,8 milhões de toneladas em 2013, em grande parte por causa do excesso de capacidade global e às medidas adotadas por países terceiros para limitar o dumping.
Para alguns produtos, disse, a indústria está em uma condição frágil e vulnerável a novos aumentos nas importações, o que provavelmente deve ocorrer em razão de medidas de defesa comercial, incluindo a recente imposição de tarifas pelos EUA.
A investigação examinará a situação dos produtos em questão, até mesmo a situação de cada uma das categorias de produtos individualmente, também com base nos desenvolvimentos mais recentes, como qualquer desvio de comércio resultante das medidas dos Estados Unidos, de acordo com a Comissão Europeia.
O órgão também deu aos interessados 21 dias para preencher questionários ou enviar informações para auxiliar na investigação.
A própria União Europeia tem até 1º de maio para garantir uma isenção permanente das tarifas americanas para o aço e o alumínio. GUERRA COMERCIAL A Europa diz que quer evitar uma guerra comercial.
A Comissão Europeia, no entanto, propôs uma série de medidas caso a Casa Branca atinja produtores da UE.
Há a proposta de levar a questão da sobretaxa dos EUA à OMC (Organização Mundial do Comércio) e também a de impor taxas de importação sobre produtos americanos, como suco de laranja, uísque bourbon e motos Harley-Davidson.