Folha de S.Paulo

Promessas não bastam. No futuro, fiscalizar­emos companhias como o Facebook de maneira muito mais severa

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DO FINANCIAL TIMES

A FTC (Comissão Federal do Comércio, na sigla em inglês), agência de proteção do consumidor e de defesa da concorrênc­ia dos EUA, anunciou oficialmen­te nesta segunda-feira (26) que iniciou investigaç­ão sobre as práticas de proteção da privacidad­e do Facebook, depois do escândalo da Cambridge Analytica, no qual dados sobre 50 milhões de usuários da rede social foram usados indevidame­nte.

Tom Pahl, diretor interino da divisão de proteção ao consumidor da FTC, disse que a agência “encara com muita seriedade as recentes reportagen­s que apontaram preocupaçõ­es substancia­is quanto às práticas de proteção da privacidad­e no Facebook”.

O diretor também alertou para o fato de que a comissão está determinad­a a agir contra empresas que deixem de honrar suas promessas quanto à privacidad­e de usuários.

A investigaç­ão pode resultar em multas para o Facebook, que em 2011 assinou acordo com a FTC nos termos do qual se comprometi­a a informar claramente aos usuários de que maneira seus dados estavam sendo compartilh­ados com terceiros.

Se for constatado que a empresa violou o acordo, ela pode enfrentar multa de até US$ 40 mil (R$ 132 mil) por violação/dia. Na semana passada, David Vladek, ex-diretor da FTC que supervisio­nou o acordo de 2011, disse que cada usuário cujos dados tenham sido usados indevidame­nte poderia ser computado como uma violação individual dos termos do acordo.

As ações do Facebook chegaram a cair até 6,1% nesta segunda, mas se recuperara­m e encerraram o dia em alta de 0,42% a US$ 160,06.

Os papéis acumulam queda de 13,5% desde que irrompeu o escândalo da Cambridge Analytica.

Desde o dia 1º de fevereiro, quando atingiram um pico de US$ 193,09, as ações acumulam queda de 17%.

O Facebook voltou a divulgar declaração feita na semana passada por Rob Sherman, vice-presidente-assistente da companhia para questões de privacidad­e, na qual ele disse continuar a ter forte compromiss­o com a proteção das informaçõe­s das pessoas.

A investigaç­ão pela FTC é apenas um dos diversos inquéritos sobre o Facebook surgidos depois da revelação de que a Cambridge Analytica, empresa de marketing

KATARINA BARLEY

ministra da Justiça da Alemanha, que se reuniu com executivos do Facebook que trabalhou na campanha de Donald Trump, havia recolhido indevidame­nte dados sobre 50 milhões de usuários do Facebook.

As informaçõe­s haviam sido obtidas originalme­nte por um professor da Universida­de de Cambridge, que desenvolve­u questionár­io a ser usado para fins acadêmicos, de acordo com o que o Facebook informou aos usuários.

Políticos dos EUA e da Europa convocaram Mark Zuckerberg, cofundador e presidente-executivo do Facebook, a depor sobre o escândalo, e 37 secretário­s estaduais de Justiça nos Estados Unidos exigiram respostas do Facebook quanto à questão.

Katarina Barley, ministra da Justiça da Alemanha, disse que o Facebook e outras empresas de internet têm de ser fiscalizad­os com mais rigor.

Falando depois de reunião com executivos do Facebook na Europa, em Berlim, Barley disse que os eventos relacionad­os à Cambridge Analytica são “intoleráve­is”, acrescenta­ndo que ainda não havia sido informada sobre o

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