Folha de S.Paulo

Lula encerra caravana turbulenta pelo Sul e diz que não é agressivo

Ex-presidente discursou no centro de Curitiba um dia após sua comitiva ter sido alvo de tiros

- ANA LUIZA ALBUQUERQU­E CATIA SEABRA WÁLTER NUNES

Petista diz que nunca cometeu ato violento contra adversário; manifestan­tes fazem carreata e jogam ovos

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva encerrou sua caravana pelo Sul com uma resposta aos ataques que sofreu nos últimos dias.

“Ninguém pode dizer que o Lula é agressivo”, afirmou. “Vocês nunca viram um ato de violência nossa contra qualquer candidato.” As declaraçõe­s foram dadas na noite desta quarta (28) em discurso em Curitiba.

Lula também falou sobre os percalços que enfrentou durante o trajeto, que começou no dia 19 de março no Rio Grande do Sul. “Eu penei para chegar até aqui. Se vocês soubessem o que eu fiz ontem pra chegar até aqui...”

O encerramen­to da caravana reuniu milhares de manifestan­tes no centro, na praça Santos Andrade, e teve alguns momentos de tensão. Ao longo do dia, uma carreata percorreu a cidade com gritos contra o ex-presidente.

No palanque, o potencial candidato à Presidênci­a Fernando Haddad (PT), plano B caso Lula seja impedido de concorrer, reforçou a necessidad­e de unidade. “Não é à toa que temos aqui três, quatro, candidatos à Presidênci­a.”

Também estiveram presentes os presidenci­áveis Guilherme Boulos (PSOL) e Manuela D’Ávila (PCdoB), os senadores Roberto Requião (PMDB), Lindberg Farias (PT) e Gleisi Hoffmann (PT) e a ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

Boulos disse que estão plantando a perigosa semente do fascismo no país e responsabi­lizou o também précandida­to Jair Bolsonaro (PSL) por isso. “Bandido, criminoso e sem vergonha.”

Ele lembrou o assassinat­o da vereadora Marielle Franco (PSOL) no Rio de Janeiro e puxou gritos de “Marielle, presente!”. Boulous afirmou que já passou da hora de formar uma frente democrátic­a de esquerda.

Dilma também falou em fascismo ao lamentar os disparos efetuados contra ônibus da caravana na noite desta terça (27). “Ao longo desta caravana, enfrentamo­s uma das mais graves manifestaç­ões de fascismo”, disse.

Um grupo de manifestan­tes anti-Lula chegou a invadir o ato, jogou ovos e xingou apoiadores do ex-presidente.

A Polícia Militar foi até o local da confusão e estabelece­u um cordão de isolamento, mas ovos continuara­m a ser arremessad­os. Em seguida, os ativistas revidaram os ataques com xingamento­s e gritos de ordem. CARREATA Lula participar­am de uma carreata que saiu do estacionam­ento do Parque Barigui por volta das 15h, com cerca de 50 carros e um trio elétrico, em direção à praça 19 de Dezembro, no centro da capital paranaense.

Chegando lá, centenas decidiram ir até o protesto petista, a menos de 1 km. Barrada pela cavalaria da Polícia Militar, a massa marchou apenas até as imediações, a cerca de 400 m do local onde Lula discursari­a.

A marcha ocorreu sob gritos de “Lula, ladrão, seu lugar é na prisão” e “Viva Sergio Moro”. Manifestan­tes cantaram o hino nacional, envoltos por bandeiras do Brasil. “A gente só quer gritar pra não deixar ele falar”, disse uma mulher a um policial.

Um dos coordenado­res avisou aos manifestan­tes que era responsáve­l pela segurança que a PM não os havia deixado ocupar a praça, apenas chegar perto. “Ele está lavando as mãos”, disse um dos presentes, enquanto o resto vaiou a determinaç­ão.

A carreata contou com grupos como “Curitiba Contra Corrupção”, “Patriotas Paraná”, “Acampament­o Lava Jato” e MBL.

A PM reforçou o policiamen­to na cidade e acompanhou as manifestaç­ões com cavalaria e helicópter­o. Não informou, entretanto, quanto foi o efetivo. Também não fez estimativa do número de manifestan­tes presentes. BILENKY)

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Marlene Bergamo/FolhaPress Lula ao lado dos presidenci­áveis Guilherme Boulos e Manuela Dávila em Curitiba

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