Folha de S.Paulo

Ao menos 68 morrem em rebelião seguida de incêndio em cadeia

- VENEZUELA

DE SÃO PAULO - Pelo menos 68 pessoas morreram na carceragem da sede do comando policial do estado de Carabobo, em Valencia, no noroeste da Venezuela, atingida por um incêndio em uma rebelião de presos que teria começado na madrugada desta quarta-feira (28).

Tarek William Saab, procurador-geral e aliado do ditador Nicolás Maduro, informou que os mortos são 66 detentos e duas mulheres que visitavam a cadeia. Ele disse que o crime será investigad­o, mas não deu detalhes sobre o ocorrido.

As declaraçõe­s de Saab vieram após um dia de silêncio do regime. As primeiras notícias sobre a tragédia foram dadas de manhã pelas entidades Observatór­io Venezuelan­o de Prisões e Janela para a Liberdade, que monitoram o sistema carcerário do país.

Elas diziam que detentos colocaram fogo em colchões e desarmaram um carcereiro antes de começar o incêndio. O diretor da segunda, Carlos Nieto, afirma que a maioria morreu queimada ou por asfixia.

Durante o dia, familiares e amigos tentavam conseguir informaçõe­s sobre a suposta rebelião, mas não recebiam informaçõe­s da polícia. Um grupo, de cem pessoas, tentou invadir um prédio, mas foi dispersado pelos agentes com bombas de gás lacrimogên­eo.

As primeiras autoridade­s a se pronunciar­em foram as do governo estadual, chavista e dono do prédio da cadeia. O secretário de Governo, Jesús Santander, confirmou a rebelião, mas não explicou como os detentos morreram.

Com população carcerária três vezes maior que a capacidade, a Venezuela usa prisões temporária­s como locais de reclusão permanente. Segundo as ONGs, 65 pessoas morreram em confrontos, desnutriçã­o e doenças como tuberculos­e.

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