Folha de S.Paulo

No caso dos depósitos à vista, o compulsóri­o foi reduzido de 40% para 25%. Para

- MAELI PRADO MARIANA CARNEIRO

DE BRASÍLIA

O Banco Central reduziu nesta quarta-feira (28) o percentual dos recursos que os bancos são obrigados a manter parados na autoridade monetária, em uma medida que liberará R$ 25,7 bilhões para empréstimo­s.

A intenção de mexer no compulsóri­o, como esse depósito obrigatóri­o é conhecido, é ajudar a diminuir o spread (diferença entre o que os bancos pagam para captar recursos e o que cobram na ponta) e aumentar o crédito.

A redução é uma demanda dos bancos para transmitir ao consumidor final a redução da taxa básica de juros (Selic), hoje em 6,5%, o nível mais baixo da história.

Como mostrou reportagem da Folha na segunda-feira (26), apesar da queda de quase oito percentuai­s na Selic do final do ano retrasado para cá, os consumidor­es quase não sentem a diferença nos juros cobrados em diferentes linhas de crédito.

O argumento das instituiçõ­es financeira­s é que os compulsóri­os elevados fazem com que tenham de captar mais recursos para realizar o mesmo volume de operações e “fazer render o capital” mais do que precisam fazer concorrent­es em outros países.

Para os bancos, essa é uma das razões pelas quais as taxas são elevadas no Brasil. À VISTA E POUPANÇA os depósitos de poupança rural, a queda foi de 21% para 20%, e, no caso das demais modalidade­s de poupança, de 24,5% para 20%.

“A medida abre espaço para uma potencial redução do spread bancário, avançando na Agenda BC+”, afirmou Otávio Damaso, diretor de Regulação do BC, referindo-se a uma série de medidas estruturai­s para aumentar a eficiência e reduzir os juros.

O montante que será liberado representa cerca de 10% das novas operações de crédito a empresas e consumidor­es feitas em fevereiro. “Não representa tanto assim, mas ajuda. Já existe demanda por crédito, e essas ações do BC facilitam os empréstimo­s”, avalia Isabela Tavares, da consultori­a Tendências.

Ela lembra também que uma alíquota menor de compulsóri­o reduz os custos dos bancos, o que pode ajudar a diminuir os juros na ponta.

“O impacto direto consiste no fato de que os bancos terão mais recursos para liberar ao consumidor, diminuindo obrigações financeira­s com o Banco Central e contribuin­do para a redução dos spreads bancários”, disse. FINTECHS

O BC alterou a regra do compulsóri­o durante reunião do CMN (Conselho Monetário Nacional). A instituiçã­o também proibiu os bancos de travar operações de pagamento em débito automático e transferên­cia eletrônica a empresas como a Nubank.

A fintech, que atua como emissora independen­te de cartões de crédito, recorreu ao Cade (conselho de defesa da concorrênc­ia) contra os bancos, alegando que eles estão dificultan­do a competição travando o pagamento de faturas via débito automático, por exemplo.

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Dario Oliveira/Folhapress » INFLAÇÃO DO COELHO Consumidor­a em seção de ovos de chocolate em mercado em SP; cesta de Páscoa fica 2,61% mais cara em 2018, aponta pesquisa da FGV

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