Folha de S.Paulo

Aumento de capital na Light derruba ações

Papéis caíram 12% e avaliação é que oferta dificulta venda da empresa, que é da Cemig

- DANIELLE BRANT

As ações da Light despencara­m 12,4% nesta quarta-feira (28), em reação à proposta de aumento de capital anunciada pela empresa que diluiria a participaç­ão de acionistas e poderia dificultar a venda da empresa pela controlado­ra Cemig.

Em comunicado, a Light informou que convocou para 27 de abril uma assembleia de acionistas para debater a mudança de estatuto que permitiria à empresa aumentar seu capital de 204 milhões para 300 milhões de ações ordinárias (com direito a voto).

Em relatório, analistas do BTG Pactual atribuem a queda das ações ao anúncio de aumento de capital. Pelos preços desta quarta, a empresa conseguiri­a levantar cerca de R$ 1,3 bilhão com a oferta. A decisão também joga dúvidas sobre a venda da empresa pela Cemig, diz Rafael Bevilacqua, estrategis­ta-chefe da casa de análise Levante.

“A Light vai diluir a participaç­ão dos acionistas. Quem vai comprar essa empresa? Fica a questão se a Light vai ser vendida ou não depois.”

Em conferênci­a, o presidente da Light, Luiz Fernando Paroli, disse que as mudanças propostas buscam modernizar o estatuto e não representa­m “nenhuma modificaçã­o na estratégia” da compa- nhia ou dos acionistas.

“Não vejo razão nenhuma para que se possa justificar essa reação negativa que tivemos [nos preços das ações].”

Na teleconfer­ência, ele foi questionad­o se acreditava que o estatuto poderia ser um meio de ter um plano B caso a empresa não seja vendida.

“Eu não chamaria essa mudança de plano B, uma vez que os acionistas continuam trabalhand­o no processo de venda da companhia. Essa modernizaç­ão que a gente fez pode até trazer mais flexibilid­ade em uma possível venda ou M&A [fusões e aquisições, na sigla em inglês].”

Os investidor­es também avaliaram o resultado do quarto trimestre da empresa, que reverteu prejuízo e lucrou R$ 91 milhões.

Em relatório, a Coinvalore­s considerou que a reversão do prejuízo se deve “principalm­ente ao resultado do segmento de distribuiç­ão, no qual o aumento da demanda no mercado cativo aliado ao reajuste tarifário e ao controle de custos propiciou o ganho de rentabilid­ade no trimestre”.

Mas, segundo a corretora, preocupam o alto gasto com compra de energia no mercado de curto prazo e a situação financeira da empresa. A Bolsa brasileira fechou em alta de 0,08%, para 83.874 pontos. O dólar comercial ficou estável em R$ 3,332.

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