Folha de S.Paulo

Segundo Fernandes, avançam as negociaçõe­s com a

- JULIO WIZIACK

DE BRASÍLIA

Alvo da Polícia Federal, que investigou fraudes bilionária­s em fundos de pensão, a Funcef (dos funcionári­os da Caixa Econômica Federal) reverteu R$ 10,6 bilhões de suas perdas no ano passado e traçou um plano jurídico e financeiro para evitar o colapso da instituiçã­o.

“Do jeito que estava, os planos [de previdênci­a] não durariam 30 anos”, disse o presidente da Funcef, Carlos Fernandes, em entrevista à Folha. gar sondas de perfuração do pré-sal para a petroleira. A expectativ­a é que recebam R$ 2,5 bilhões.

Em outra frente, a fundação pedirá indenizaçõ­es na Justiça aos bancos e gestores responsáve­is pelos FIPs.

A iniciativa ganhou força depois que o Bradesco pagou R$ 37 milhões à Funcef pelos problemas na gestão do FIP Enseada, que financiou um projeto na área de tecnologia, também sob investigaç­ão da PF.

A fundação registrou perdas com os FIPs RG Estaleiro, Multiner e Operações Industriai­s, entre outros. IMPASSE Caixa para tentar resolver uma pendência histórica.

A fundação é ré em 16 mil ações na Justiça movidas por associados da Funcef que pedem a revisão de benefícios. Estima-se que o estoque dessa dívida potencial gire em torno de R$ 16 bilhões.

Em 2016, a Funcef reservou R$ 2,5 bilhões para fazer frente a processos desse gênero em que considerav­a haver chance de derrota. Esse valor correspond­e, em média, a 30% dos processos judiciais.

A partir de agora, no entanto, a Funcef só destinará R$ 1,4 bilhão.

A mudança, segundo Fernandes, se deve a um novo entendimen­to no Poder Judiciário sobre o papel da fundação e o da Caixa nessas discussões. METAS Além da estratégia jurídica de reversão de perdas, a Funcef também traçou planos financeiro­s.

“Nada disso teria sentido se a gente não revisasse o plano de investimen­to e a própria meta de rentabilid­ade”, disse Fernandes.

“Um terço dos investimen­tos não seguiam a meta definida e 40% dos cenários traçados na política de investimen­to não se sustentam em 30 anos.”

Por isso, no fim do ano passado, o conselho da fundação reduziu a meta de rentabilid­ade de 12,5% ao ano para 7,69%.

“Não dá para ter uma rentabilid­ade tão elevada num cenário de juro e inflação baixos e que tende a prevalecer no longo prazo”, disse o presidente da fundação. CARTEIRA Hoje, 60% da carteira está concentrad­a em renda fixa (títulos do Tesouro). Ou seja: as chances de retorno elevado são mínimas. Outros 20% estão em ações, e a Vale é considerad­a pela Funcef a “joia da coroa”.

Com a retomada do setor, a companhia de mineração voltou a ter suas ações valorizada­s nas Bolsas. Foram R$ 650 milhões neste ano.

No total dos investimen­tos, a Funcef obteve uma reversão de R$ 4 bilhões. Sem esse resultado, o déficit acumulado da Funcef teria sido de R$ 6,5 bilhões. No final, fechou em R$ 2,5 bilhões. renda fixa Evolução da rentabilid­ade (em % no ano)

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