Fundação vai redefinir investimentos
Terceiro maior fundo de previdência do país, com 135,9 mil associados, a Funcef destinou no passado R$ 6 bilhões para a compra de cotas de fundos de participação em projetos como Sete Brasil e Eldorado, investigados pela Polícia Federal por esquemas de corrupção e outras irregularidades.
“Perdemos R$ 4 bilhões com esses investimentos”, disse Fernandes.
Com o acordo de leniência do Grupo J&F, dos empresários Wesley e Joesley Batista, a Funcef receberá R$ 1 bilhão pelos prejuízos com o FIP Eldorado, criado pela holding dos Batista para ajudar a financiar uma fábrica de celulose da J&F.
Recentemente, a Funcef vendeu sua participação nesse fundo por R$ 660 milhões.
Com a Petrobras, uma arbitragem discute os prejuízos com a Sete, empresa criada em 2010 para construir e alu-
DE BRASÍLIA
Diante do novo cenário, a Funcef definirá nos próximos meses sua política de investimentos numa tentativa de amenizar o impacto das perdas para os futuros aposentados.
Segundo o presidente da fundação, Carlos Fernandes, uma das ideias é vender aplicações que já estão “maduras” —como ações que atingiram o patamar máximo de valorização.
A Vale é o principal exemplo. A fundação colocou cerca de R$ 1 bilhão na mineradora. Em 2015, viu essa participação cair à metade. Em 2017, com a retomada do setor e da produção na China, a Vale ganhou força e a fatia da Funcef na empresa passou para R$ 660 milhões.
A exemplo da Previ, fundo de pensão do Banco do Brasil, a Funcef também planeja esperar um pouco mais para se desfazer dessas ações, que podem se valorizar.
“Com o dinheiro da venda, vamos rever também a política de equacionamento dos planos [de aposentadoria]”, disse Fernandes.
Hoje, dos R$ 10,6 bilhões que foram depositados na Funcef, mais da metade foi bancada pelos próprios associados. “É possível que a gente possa reduzir a duração desse equacionamento.”
Em muitos casos, os associados já pagam 20% a mais nas suas contribuições para cobrir o buraco da Funcef.