Alvo de Trump, Amazon perde US$ 32 bi
Ação cai 4,4% após site publicar que republicano está obcecado pela companhia, o que poderia mudar tratamento fiscal
Empresas de tecnologia têm mais um dia de perdas, sob o temor de aperto na regulação na esteira do caso Facebook
A gigante de tecnologia americana Amazon perdeu quase US$ 32 bilhões (R$ 107 bilhões) em valor de mercado nesta quarta-feira (28) depois de virar alvo do presidente dos EUA, Donald Trump, que, segundo o site Axios, estaria obcecado pela varejista.
Segundo fontes ouvidas pelo Axios, o republicano estaria pensando em mudar o tratamento fiscal da Amazon, em meio a preocupações com pequenos comerciantes americanos. Ele teria sondado a possibilidade de impor uma lei antitruste ou concorrência à gigante varejista.
Jeff Bezos, presidente-executivo da Amazon, é também dono do jornal The Washington Post, que Trump critica com frequência.
“Os amigos ricos de Trump dizem que a Amazon está destruindo seus negócios. Seus amigos do setor imobiliário dizem a ele —e ele concorda— que a Amazon está matando shoppings e varejistas de tijolo e argamassa”, escreveu o Axios.
Ainda de acordo com o site, Trump se incomodaria com o uso que a Amazon faz dos correios, dizendo que a empresa pegou carona nos contribuintes e no tratamento confortável que os serviços postais americanos recebem.
Os papéis da companhia recuaram 4,38% —chegaram a desabar 7,4% por volta de meio-dia.
A queda das ações perdeu força após um funcionário da Casa Branca dizer que não sabia de nenhuma mudança de política específica relacionada à empresa no momento, acrescentando que estava sempre olhando para diferentes opções em uma série de questões diferentes. BAIXA A forte venda das ações impactou os principais índices americanos. O Dow Jones ficou quase estável, o S&P 500 teve queda de 0,29% e a Nasdaq perdeu 0,85%.
Outras empresas de tecnologia também foram afetadas pelo mau humor. A Alphabet, dona do Google, perdeu 0,17%. A fabricante de carros elétricos Tesla caiu 7,67%, a Netflix recuou 4,96% e a Nvidia, empresa de chips, teve baixa de 1,85%.
Os papéis do Facebook, porém, subiram 0,53%.
A rede social anunciou nesta quarta mudanças no acesso de usuário a controle de privacidade na rede, em resposta ao escândalo provocado pela notícia de que a consultoria Cambridge Analytica teria usado dados de 50 milhões de pessoas para favorecer a eleição de Donald Trump à Presidência dos EUA em 2016 (leia abaixo).
Desde que a notícia veio à tona, no dia 17, as ações do Facebook acumulam queda de 17,3%, o que equivale a uma perda de US$ 93,134 bilhões (R$ 310 bilhões) em valor de mercado.
O Twitter subiu 1,35% nesta sessão, depois de recuar 12% no dia anterior ao ser apontada como a ação “mais vulnerável” às regulações de privacidade dos usuários.
“Começou esse movimento de correção de preços muito esticados”, avalia Ivan Kraiser, gestor-chefe da Garín Investimentos.
“Muitos investidores começaram a questionar se empresas como Facebook, Amazon e Google, que impulsionaram a alta lá fora, valem tudo isso”, diz Kraiser.