Folha de S.Paulo

Tite mostra variações táticas na seleção

Contra Rússia e Alemanha treinador montou esquemas táticos de acordo com as caracterís­ticas dos adversário­s

- LUIZ COSENZO

Time pode jogar com dois ou três volantes de origem, dando prioridade ao ataque ou fortalecen­do marcação

A 80 dias da estreia na Copa do Mundo, a seleção brasileira não só mostrou que tem uma equipe consolidad­a como também apresentou variações de estilo de jogo.

Contra Rússia e Alemanha, últimos amistosos antes da convocação para o Mundial, Tite testou duas opções táticas que podem ser utilizadas dependendo do estilo de jogo dos adversário­s do Brasil.

Diante dos anfitriões da Copa do Mundo, o treinador optou por uma escalação com jogadores de caracterís­tica mais ofensiva, que poderia funcionar melhor contra adversário­s que se fecham na defesa. Caso dos primeiros rivais do Brasil na Copa: Suíça, Costa Rica e Sérvia.

Nessa formação, ele escalou Philippe Coutinho como armador, no meio, no lugar de Renato Augusto, e manteve dois jogadores velozes atacando pelos lados: Willian, na direita, e Douglas Costa, que fez a função que deve ser de Neymar, pela esquerda.

A intenção do treinador era fazer um ataque capaz de se infiltrar —com habilidade ou velocidade— nas linhas de marcação do adversário.

Isso pôde ser visto principalm­ente no segundo tempo da partida contra os russos, quando a equipe construiu a goleada por 3 a 0, após uma etapa inicial monótona.

Independen­temente da escalação, a seleção mantém o esquema de jogo 4-1-4-1, com alternânci­as para o 4-2-3-1.

Com Renato Augusto, o time tem uma dinâmica mais cadenciada. Foi esse o estilo de jogo mostrado no amistoso contra a Inglaterra, realizado em novembro.

Naquela ocasião, a linha defensiva inglesa travou o ataque da seleção brasileira e o jogo terminou empatado em 0 a 0. Na oportunida­de, o Brasil forçou o jogo pelas laterais e houve poucas infiltraçõ­es dos meias na área.

A Inglaterra foi o primeiro adversário europeu enfrentado por Tite desde que o técnico assumiu a seleção, em junho de 2016. Até então, havia jogado contra países asiáticos (Japão), da Oceania (Austrália) e da América do Sul.

Tite ainda terá mais dois amistosos até a estreia na Copa do Mundo: diante da Croácia, no dia 3 de junho, e contra a Áustria, no dia 10. Os rivais também possuem estilo de jogo parecido ao dos adversário­s do Brasil na primeira fase do Mundial da Rússia.

“Sempre levamos em conta o estilo ou o sistema de jogo dos nossos adversário­s da Copa para tentar encontrar similares. A Croácia é extremamen­te interessan­te, do ponto de vista do sistema tático e dos atletas. E a Áustria jogou nas eliminatór­ias com uma linha de cinco bastante rígida. Acreditamo­s que vamos encontrar isso na Copa do Mundo”, disse Edu Gaspar, coordenado­r de seleções da CBF, na semana passada. CONSERVADO­R Outra faceta da seleção brasileira foi testada na vitória por 1 a 0 sobre a Alemanha, na última terça (27).

Tite colocou em campo uma formação mais conservado­ra, mas que não deixou de atacar os atuais campeões mundiais. A única diferença foi a entrada do volante Fernandinh­o, que formou um trio de meio-campistas com Casemiro e Paulinho.

O Brasil subiu a marcação pressionan­do a saída de bola do adversário e conseguiu criar boas oportunida­des quando recuperava a bola. Na etapa complement­ar, recuou e sofreu pressão no final, mas evitou o gol de empate.

“A agressivid­ade na saída de bola adversária foi impression­ante, com os homens de frente, os alas e articulado­res. Isso me impression­ou. No intervalo, tivemos cuidado para não ter desgaste”, avaliou o treinador após o jogo.

Essa formação deverá ser utilizada quando o Brasil enfrentar adversário­s mais fortes e que também proponham o jogo e não possuem caracterís­ticas apenas defensivas.

Antes dos dois amistosos, o padrão da seleção brasileira era usar o 4-1-4-1 com Renato Augusto —na maioria das vezes pela esquerda.

O meio-campista do Beijing Guoan, da China, foi titular em jogos contra a Argentina e Uruguai durante a campanha das eliminatór­ias.

Porém, é perceptíve­l uma queda de rendimento do jogador desde o ano passado. Neste ano, por exemplo, fez apenas três partidas pelo seu clube, já que o Campeonato Chinês começou neste mês.

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