Folha de S.Paulo

País perde R$ 146 bilhões para o mercado informal em um ano

Especialis­tas defendem uma revisão tributária no Mercosul

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FOLHA

O desequilíb­rio entre os impostos pagos aqui e no Paraguai tem impacto direto no avanço do contraband­o e do descaminho no Brasil.

A disparidad­e de preços entre os mercados formal e informal aquece a economia paralela, com margens de lucro que chegam a 900% —caso dos medicament­os, segundo estudo do Idesf (Instituto de Desenvolvi­mento Econômico e Social de Fronteiras).

Na conta do custo Brasil, entram não só impostos, energia, mão de obra e logística, mas também acidentes de trânsito, roubos de carga e gastos com processos relacionad­os a esses crimes. O resultado é a perda de competitiv­idade da indústria, a extinção de empregos e a drástica redução na arrecadaçã­o.

Em 15 setores da indústria, o prejuízo chegou a R$ 100,2 bilhões no ano passado. Somada a sonegação de impostos (R$ 46,1 bilhões), é possível dizer que o Brasil perdeu ao menos R$ 146,3 bilhões.

Metade dos cigarros vendidos hoje no país tem origem no contraband­o. O fabricado aqui paga, em média, 71% de imposto, e não pode ser vendido por menos de R$ 5.

Já o paraguaio custa metade do preço. A tributação em seu país de origem é de 16%, a mais baixa do mundo, explica Fernando Bomfiglio, diretor de relações institucio­nais da Souza Cruz e presidente do Sindifumo (Sindicato da Indústria de Fumo do Estado de São Paulo).

Para especialis­tas, uma revisão tributária ajudaria no combate ao contraband­o.

“O Mercosul representa uma união aduaneira imperfeita. Os membros não têm a obrigação de adotar uma tarifa externa comum em suas relações internacio­nais”, afirma o tributaris­ta Felipe Lückmann Fabro.

Para Nadia Melgarejo, responsáve­l pela área comerci-

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Eduardo Knapp/Folhapress Galpão na Vila Independên­cia, em São Paulo, com mercadoria­s apreendida­s pela Receita Federal e pelas Polícias Militar e Civil

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