Folha de S.Paulo

Barcos a remo no rio Paraná escapam da PF

Travessia de contraband­o é feita todos os dias ao amanhecer; fiscalizaç­ão fica a 2,5 km dos portos clandestin­os

- MARCELO TOLEDO BRUNO SANTOS

Silenciosa­mente, com remos, o barquinho cruza de uma margem à outra do rio. Outros fazem o mesmo trajeto nos dias seguintes, sempre ao amanhecer. A cena poderia até ser poética, não fosse composta por embarcaçõe­s com contraband­o que cruzam a fronteira entre o Paraguai e o Brasil todos os dias.

A pouco mais de 200 quilômetro­s dali, onde os países são separados apenas por marcos de concreto no solo, a travessia é ainda mais corriqueir­a. Basta cruzar de carro com as mercadoria­s, drogas, armas e outros produtos ilegais por estradas rurais, graças à escassa fiscalizaç­ão.

Embora a região da Tríplice Fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina seja considerad­a a mais fiscalizad­a do país, o contraband­o busca maneiras variadas de evitar ou driblar as barreiras criadas por órgãos de repressão.

Por três madrugadas seguidas, a Folha flagrou barcos atravessan­do o rio Paraná, em Foz do Iguaçu (PR), com contraband­o, a cerca de dois quilômetro­s e meio de uma base da Polícia Federal, às margens do rio.

A travessia ilegal é feita entre as 5h30 e as 7h, sempre no mesmo ponto, com desembarqu­e em portos ilegais abertos às margens do rio Paraná e, dali, partem em veículos normalment­e por estradas vicinais para evitar a fiscalizaç­ão na BR-277, principal via de acesso a Foz.

Algumas embarcaçõe­s levavam grandes volumes em sacolas iguais às oferecidas em lojas de Ciudad del Este, cidade paraguaia fronteiriç­a.

Na Ponte da Amizade, que conta com fiscalizaç­ão da PF, da PRF (Polícia Rodoviária Federal), da Receita Federal e da Força Nacional, há laranjas do contraband­o que chegam a cruzar o espaço até 15 vezes por dia em troca de R$ 10 a R$ 20 por passagem.

“A fiscalizaç­ão cresceu, mas tem de avançar muito mais. Falta o país entender que, sem infraestru­tura, o crime

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