Barcos a remo no rio Paraná escapam da PF
Travessia de contrabando é feita todos os dias ao amanhecer; fiscalização fica a 2,5 km dos portos clandestinos
Silenciosamente, com remos, o barquinho cruza de uma margem à outra do rio. Outros fazem o mesmo trajeto nos dias seguintes, sempre ao amanhecer. A cena poderia até ser poética, não fosse composta por embarcações com contrabando que cruzam a fronteira entre o Paraguai e o Brasil todos os dias.
A pouco mais de 200 quilômetros dali, onde os países são separados apenas por marcos de concreto no solo, a travessia é ainda mais corriqueira. Basta cruzar de carro com as mercadorias, drogas, armas e outros produtos ilegais por estradas rurais, graças à escassa fiscalização.
Embora a região da Tríplice Fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina seja considerada a mais fiscalizada do país, o contrabando busca maneiras variadas de evitar ou driblar as barreiras criadas por órgãos de repressão.
Por três madrugadas seguidas, a Folha flagrou barcos atravessando o rio Paraná, em Foz do Iguaçu (PR), com contrabando, a cerca de dois quilômetros e meio de uma base da Polícia Federal, às margens do rio.
A travessia ilegal é feita entre as 5h30 e as 7h, sempre no mesmo ponto, com desembarque em portos ilegais abertos às margens do rio Paraná e, dali, partem em veículos normalmente por estradas vicinais para evitar a fiscalização na BR-277, principal via de acesso a Foz.
Algumas embarcações levavam grandes volumes em sacolas iguais às oferecidas em lojas de Ciudad del Este, cidade paraguaia fronteiriça.
Na Ponte da Amizade, que conta com fiscalização da PF, da PRF (Polícia Rodoviária Federal), da Receita Federal e da Força Nacional, há laranjas do contrabando que chegam a cruzar o espaço até 15 vezes por dia em troca de R$ 10 a R$ 20 por passagem.
“A fiscalização cresceu, mas tem de avançar muito mais. Falta o país entender que, sem infraestrutura, o crime