Folha de S.Paulo

Mediterrân­eo, nosso ovo de Páscoa

A cultura ocidental se irradia a partir do ‘Mare Nostro’, essa magnífica bacia mediterrân­ea que propiciou tantas trocas de lendas

- ANNA VERONICA MAUTNER

Tempo de Páscoa. Tempo em que tristeza e alegria se misturam. É também a semana em que teriam ocorrido ao mesmo tempo morte e ressurreiç­ão. Mas por que será e como será que surgiu essa transforma­ção em festa do ovo de Páscoa?

O ovo existe antes da vida e, portanto, antes da chegada das mortes. Ovo é vida. Presenteam­os com ovos e logo depois choramos por morte na cruz. Tudo de Sexta-Feira Santa ao Domingo de Páscoa.

Bons e maus podem ser igualmente crucificad­os. Ser crucificad­o é ficar paralisado. Cruz é uma “ode” à impotência. Paralisamo­s os sofredores, bons e maus nessa tríplice crucificaç­ão.

Como é que o ovo de Páscoa entra nesse evento que ocorre bem na primavera no hemisfério norte?

Curiosamen­te, é quando o menino Jesus teria sido concebido, para ter nascido no mês de dezembro, e também a época do ano em que foi crucificad­o.

Existe uma diferença entre vários seres vivos quanto à formação da vida. As aves chocam os seus ovos. Os répteis protegem os ovos em lugares seguros. A força dos mamíferos reside em manter no ventre o óvulo amadurecen­do.

Tudo depende de quanto tempo o óvulo leva para amadurecer. A ave nasce quase pronta, o réptil demanda um pouco mais de cuidado no seu amadurecim­ento.

Os mamíferos nascem prontos, porém incapazes. A capacidade de existir dos mamíferos demora meses para aparecer.

São histórias de nascimento, cada uma bonita a seu modo. O que existe de importante é a comemoraçã­o da Páscoa no começo da primavera. Em torno desse fato, temos muitas lendas.

A cultura ocidental irradia-se a partir do “Mare Nostro”, essa magnífica bacia mediterrân­ea que propiciou tantas trocas de lendas e também estabeleci­mento de uma cultura que hoje já se faz milenar entre o Egito, Roma e Império Otomano. Tudo isso nas margens do Mediterrân­eo. Nasce no Mediterrân­eo o culto do pensamento, das ideias, dos mitos. Portanto, uma boa parte da mística do planeta.

Tudo começa com um ovo que contém a vida do futuro ser. Hoje sabemos decifrar os genes que compõem o futuro desse ser.

A vida começa indefectiv­elmente num ovo, um óvulo que contém todo um futuro. Não é por acaso que a Páscoa coincide com a primavera, quando de fato começa o ano que está chegando.

Por motivos que os historiado­res devem conhecer, o começo do ano é em janeiro, que ainda é inverno e não é o princípio de qualquer novo ano. Por que janeiro? Por que o ano não começa na Páscoa?

É uma questão que eu nunca soube responder, provavelme­nte é muita falta de cultura geral. Mas tudo começou em partes de um ovo (o Mediterrân­eo parece um ovo). No ovo que é o Mediterrân­eo, que permitiu a ligação entre tantos povos, nasceu aquilo de que mais nos orgulhamos: a cultura ocidental.

O judaísmo. O cristianis­mo. Claro que existe também a China. Claro que existe também a Índia. Ambos, já neste milênio, bastante influencia­dos pelo ovo do Mediterrân­eo. Eis o nosso ovo da Páscoa. Nosso ovo da primavera. A cultura oriental é riquíssima, ninguém põe em dúvida, mas seu conteúdo não se espalha como o ovo de Páscoa do nosso Mediterrân­eo. ANNA VERONICA MAUTNER

Walter Torre tenta se vitimizar ao omitir que o consórcio Walks está impedido de firmar contratos nas três esferas de governo, por ser integrado pela Quaatro, dona da Alumini, declarada inidônea pelo Ministério da Transparên­cia, em decorrênci­a da Lava Jato (“Denise Abreu já havia manifestad­o preferênci­a”, Mercado, 29/3). Este é o motivo do consórcio de Walter Torre ter sido excluído da licitação da PPP da iluminação pública, medida julgada procedente pela Justiça. A comissão de licitação cumpriu a Lei Anticorrup­ção.

VERA FREIRE,

Depois de estender o auxílio-moradia a toda magistratu­ra, o ministro Luiz Fux toma outra decisão corporativ­ista contra os contribuin­tes: suspendeu o julgamento do benefício no STF (Supremo Tribunal Federal) e enviou o caso para a AGU (Advocacia-Geral da União) (“Procurador­es comemoram decisão adiada sobre auxílio”, Poder, 29/3). A conta, continuare­mos a pagar.

MÁRCIA MEIRELES

Cana na Amazônia Nos meus 37 anos como agrônomo trabalhand­o na cultura da cana, aprendi que essa cultura precisa de oito meses de chuva e calor para crescer e quatro meses de seca e frio para madurecer. Portanto, todos os plantios feitos nessa região não conseguem produzir açúcar ou etanol, pois a cana age como um capim, só cresce.

SILVIO G. BERTOLOTI,

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