Mediterrâneo, nosso ovo de Páscoa
A cultura ocidental se irradia a partir do ‘Mare Nostro’, essa magnífica bacia mediterrânea que propiciou tantas trocas de lendas
Tempo de Páscoa. Tempo em que tristeza e alegria se misturam. É também a semana em que teriam ocorrido ao mesmo tempo morte e ressurreição. Mas por que será e como será que surgiu essa transformação em festa do ovo de Páscoa?
O ovo existe antes da vida e, portanto, antes da chegada das mortes. Ovo é vida. Presenteamos com ovos e logo depois choramos por morte na cruz. Tudo de Sexta-Feira Santa ao Domingo de Páscoa.
Bons e maus podem ser igualmente crucificados. Ser crucificado é ficar paralisado. Cruz é uma “ode” à impotência. Paralisamos os sofredores, bons e maus nessa tríplice crucificação.
Como é que o ovo de Páscoa entra nesse evento que ocorre bem na primavera no hemisfério norte?
Curiosamente, é quando o menino Jesus teria sido concebido, para ter nascido no mês de dezembro, e também a época do ano em que foi crucificado.
Existe uma diferença entre vários seres vivos quanto à formação da vida. As aves chocam os seus ovos. Os répteis protegem os ovos em lugares seguros. A força dos mamíferos reside em manter no ventre o óvulo amadurecendo.
Tudo depende de quanto tempo o óvulo leva para amadurecer. A ave nasce quase pronta, o réptil demanda um pouco mais de cuidado no seu amadurecimento.
Os mamíferos nascem prontos, porém incapazes. A capacidade de existir dos mamíferos demora meses para aparecer.
São histórias de nascimento, cada uma bonita a seu modo. O que existe de importante é a comemoração da Páscoa no começo da primavera. Em torno desse fato, temos muitas lendas.
A cultura ocidental irradia-se a partir do “Mare Nostro”, essa magnífica bacia mediterrânea que propiciou tantas trocas de lendas e também estabelecimento de uma cultura que hoje já se faz milenar entre o Egito, Roma e Império Otomano. Tudo isso nas margens do Mediterrâneo. Nasce no Mediterrâneo o culto do pensamento, das ideias, dos mitos. Portanto, uma boa parte da mística do planeta.
Tudo começa com um ovo que contém a vida do futuro ser. Hoje sabemos decifrar os genes que compõem o futuro desse ser.
A vida começa indefectivelmente num ovo, um óvulo que contém todo um futuro. Não é por acaso que a Páscoa coincide com a primavera, quando de fato começa o ano que está chegando.
Por motivos que os historiadores devem conhecer, o começo do ano é em janeiro, que ainda é inverno e não é o princípio de qualquer novo ano. Por que janeiro? Por que o ano não começa na Páscoa?
É uma questão que eu nunca soube responder, provavelmente é muita falta de cultura geral. Mas tudo começou em partes de um ovo (o Mediterrâneo parece um ovo). No ovo que é o Mediterrâneo, que permitiu a ligação entre tantos povos, nasceu aquilo de que mais nos orgulhamos: a cultura ocidental.
O judaísmo. O cristianismo. Claro que existe também a China. Claro que existe também a Índia. Ambos, já neste milênio, bastante influenciados pelo ovo do Mediterrâneo. Eis o nosso ovo da Páscoa. Nosso ovo da primavera. A cultura oriental é riquíssima, ninguém põe em dúvida, mas seu conteúdo não se espalha como o ovo de Páscoa do nosso Mediterrâneo. ANNA VERONICA MAUTNER
Walter Torre tenta se vitimizar ao omitir que o consórcio Walks está impedido de firmar contratos nas três esferas de governo, por ser integrado pela Quaatro, dona da Alumini, declarada inidônea pelo Ministério da Transparência, em decorrência da Lava Jato (“Denise Abreu já havia manifestado preferência”, Mercado, 29/3). Este é o motivo do consórcio de Walter Torre ter sido excluído da licitação da PPP da iluminação pública, medida julgada procedente pela Justiça. A comissão de licitação cumpriu a Lei Anticorrupção.
VERA FREIRE,
Depois de estender o auxílio-moradia a toda magistratura, o ministro Luiz Fux toma outra decisão corporativista contra os contribuintes: suspendeu o julgamento do benefício no STF (Supremo Tribunal Federal) e enviou o caso para a AGU (Advocacia-Geral da União) (“Procuradores comemoram decisão adiada sobre auxílio”, Poder, 29/3). A conta, continuaremos a pagar.
MÁRCIA MEIRELES
Cana na Amazônia Nos meus 37 anos como agrônomo trabalhando na cultura da cana, aprendi que essa cultura precisa de oito meses de chuva e calor para crescer e quatro meses de seca e frio para madurecer. Portanto, todos os plantios feitos nessa região não conseguem produzir açúcar ou etanol, pois a cana age como um capim, só cresce.
SILVIO G. BERTOLOTI,