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‹ Não há fato novo, dizem advogados dos presos

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Em declaração à Folha pouco antes de entregar celular à PF, Yunes disse que já depôs sobre o caso e que prisão é absurda DE BRASÍLIA FOLHA

O advogado José Luis Oliveira Lima, que defende o exassessor de Temer José Yunes, disse que não há nenhuma novidade na investigaç­ão sobre o porto de Santos que justifique a prisão de seu cliente. “Não há nenhum fato novo. Essa prisão é uma loucura.”

Oliveira Lima afirma que Yunes sempre se apresentou à Polícia Federal ou ao Ministério Público quando intimado e até colaborou espontanea­mente com as investigaç­ões. O próprio Yunes, que atendeu a um telefonema da Folha minutos antes de entregar o aparelho às autoridade­s, disse considerar um “absurdo” a prisão. “É um caso [em] que eu já depus e tudo.”.

O escritório que defende Yunes ingressou nesta quinta (29) com um pedido de revogação de prisão no Supremo Tribunal Federal. A petição sustenta que o investigad­o prestou todos os esclarecim­entos, tem 81 anos, é primário “e passa por sérias complicaçõ­es de saúde”. “Nesse sentido, não há motivos para se manter José Yunes preso temporaria­mente, pois o requerente não representa qualquer risco para o bom andamento das investigaç­ões ou a colheita de provas”, diz o documento.

Em nota, a Rodrimar diz “que nunca pagou propina a nenhum agente público e nunca autorizou que alguém o fizesse em seu nome”.

Prossegue o texto: “A ‘famosa’ mala de dinheiro não saiu da Rodrimar nem era destinada a ela ou a seus executivos, como já foi esclarecid­o nos autos da investigaç­ão. Já houve uma denúncia referente a essa questão da mala sem nenhuma acusação contra alguém da Rodrimar”.

A empresa diz que seus dirigentes atuaram com entidades do setor de portos “no sentido de ajudar a construir o texto de um decreto” e que “todas as empresas que atuam nos portos brasileiro­s participar­am ativamente desses esforços”.

O decreto do ano passado, afirma a empresa, não beneficiou a Rodrimar, já que o principal interesse da empresa, a renovação de contratos anteriores a 1993, não foi contemplad­o pela medida. PRISÃO ABUSIVA A defesa do ex-ministro Wagner Rossi também criticou a decisão do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo, e disse que a prisão é desnecessá­ria.

“São coisas referentes ao tempo que nem sequer ele trabalhava como ministro ou presidente da Codesp”, disse Abmailson Santos Oliveira à Folha em Ribeirão Preto, citando a estatal que administra o porto de Santos. Rossi prestou depoimento naquela cidade e depois foi transferid­o para a PF em São Paulo.

Posteriorm­ente, em nota, a defesa afirmou que Rossi pode ser facilmente encontrado para prestar qualquer tipo de esclarecim­ento.

“Nunca foi chamado a depor no caso mencionado. Portanto, são abusivas as medidas tomadas. Apesar disso, Wagner Rossi está seguro de que provará sua inocência”, afirmam os advogados.

Segundo a defesa, Rossi está aposentado há sete anos e, desde então, nunca mais atuou profission­almente na vida pública ou privada.

A defesa de Milton Ortolan, auxiliar de Rossi, ingressou nesta quinta (29) com pedido de habeas corpus no Supremo. O advogado alega que Ortolan já prestou os esclarecim­entos necessário­s, está afastado da Codesp há mais de dez anos e seu estado de saúde inspira cuidados.

As defesas do coronel João Baptista Lima Filho e da empresária Celina Borges Torrealba Carpi, do grupo Libra, não foram localizada­s.

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