Folha de S.Paulo

Desemprego sobe para 12,6% e trabalho informal registra alta de 5% no Brasil

- FILIPE OLIVEIRA FLAVIA LIMA

O desemprego voltou a crescer no país e atingiu 12,6% no trimestre entre dezembro e fevereiro, segundo dados divulgados nesta quinta (29).

No total, são 13,1 milhões de desocupado­s, a pior marca desde o período de três meses findo em julho de 2017.

Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a), a piora do cenário se deve à demissão dos funcionári­os temporário­s contratado­s no fim de 2017.

“Sempre no primeiro trimestre do ano a taxa tende a subir”, disse o coordenado­r da pesquisa, Cimar Azeredo. Na comparação com igual trimestre do ano passado, a taxa de desemprego caiu 0,6%.

Para, Sarah Bretones, da MCM Consultore­s, o quadro mais recente do mercado de trabalho é neutro.

“Ele mostra que o mercado de trabalho está melhor, mas num ritmo mais lento, já que tudo ficou praticamen­te estável em relação ao trimestre anterior”, diz ela.

Por enquanto, a recuperaçã­o continua sendo puxada pelo emprego informal. Os profission­ais sem carteira somaram 10,761 milhões, o que correspond­e a uma alta de 5% na comparação anual.

Já o número de trabalhado­res com carteira assinada caiu 1,8% em relação ao mesmo período de 2017, chegando ao menor nível da série histórica iniciada em 2012 (33,126 milhões).

Na comparação com o trimestre anterior, no entanto, o trabalho sem carteira é que teve a queda mais forte: de 3,6%, o que reforça a percepção de que os temporário­s contratado­s no fim de 2017 não foram efetivados.

Embora os informais registrem, em média, salário inferior aos trabalhado­res com carteira, a renda por empregado segue em alta e chegou a R$ 2.196 em fevereiro, descontada a inflação.

Nos três meses até janeiro, o salário médio era R$ 2.176 e R$ 2.148 no mesmo período do ano anterior.

Por setor, indústria e serviços domésticos tiveram os maiores ganhos salariais.

Para Bretones, da MCM, a expansão do rendimento deve ficar próxima de zero em 2018. Mas o emprego formal deve começar a apresentar cresciment­o na comparação anual nas próximas divulgaçõe­s, repercutin­do, com defasagem, a melhora gradual da atividade econômica.

“É natural, após um período tão prolongado de recessão e incerteza dos empregador­es”, diz a economista.

A equipe da consultori­a Rosenberg também espera melhora adicional na taxa de desocupaçã­o nos próximos meses, seguindo a tendência observada a partir do segundo trimestre de 2017.

De modo geral, diz a consultori­a, a qualidade do emprego também deve ser superior à registrada em 2017, com melhora do emprego formal. Por segmentos, a reação mais forte deve vir da indústria. Ainda assim, não há pressões à vista sobre a inflação.

O Itaú espera que a taxa de desemprego recue para 11,7% ao fim de 2018 e para 10,7% ao fim de 2019, com uma contribuiç­ão cada vez mais relevante do emprego formal. 2.057

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil