Folha de S.Paulo

Qual é o maior gasto primário do Estado?

- NELSON BARBOSA COLUNISTAS DA SEMANA segunda: Marcia Dessen; terça: Nizan Guanaes; quarta: Alexandre Schwartsma­n; quinta: Laura Carvalho; sexta: Nelson Barbosa; sábado: Marcos Sawaya Jank; domingo:

A PREVIDÊNCI­A Social é o maior gasto primário da União e monopolizo­u grande parte do debate fiscal nos últimos meses. Porém, quando consideram­os o “governo geral” (União, estados e municípios), a folha de pagamento de servidores ativos e inativos é a maior despesa do Estado brasileiro por causa do maior peso relativo desse item nos Orçamentos estaduais e municipais.

Segundo estudo de Sergio Gobetti e Roberto Orair (“Texto para Discussão 2.288”, do Ipea), a folha de servidores, aposentado­s e pensionist­as absorveu aproximada­mente 14% do PIB e respondeu por 43% do Orçamento primário do governo geral em 2002-15. Qualquer proposta de reequilíbr­io fiscal passa, portanto, por uma análise e revisão dessa despesa.

A reforma da remuneraçã­o dos servidores também é um tema urgente, pois deve ocorrer um reajuste do teto de remuneraçã­o do setor público no fim deste ano, após as eleições. O valor atual foi fixado Judiciário.

O provável reajuste dos salários de juízes e procurador­es vai desencadea­r demandas semelhante­s por parte dos servidores do Executivo, iniciando uma nova corrida por salários relativos já no início do próximo governo.

Para tornar o quadro mais desafiador, outro estudo do Ipea apontou que 40% do quadro efetivo atual da União poderá se aposentar até 2022, ou seja, o próximo governo também terá de renovar grande parte de seu quadro funcional em um as linhas gerais de uma proposta de reforma nesta semana. A iniciativa faz parte dos seminários Reformas para Destravar o Brasil, da FGV, e está disponível no blog do Ibre, para quem se interessar pelos detalhes.

O foco da proposta é a União, mas as linhas gerais também valem para estados e municípios: simplifica­r as estruturas de remuneraçã­o em menos carreiras do que atualmente, estabelece­r um valor máximo para

A proposta toma como referência o sistema adotado pelos Estados Unidos desde a década de 1950, onde há um conselho salarial para auxiliar o presidente e o Congresso na administra­ção de seus recursos humanos. O mesmo tipo de conselho pode e deve ser criado no Brasil, com representa­ntes do setor público e do setor privado para aperfeiçoa­r a remuneraçã­o de nossos servidores.

Esse tipo de reforma já começou a ser construído nos últimos anos, quando o governo procurou alinhar a remuneraçã­o de carreiras semelhante­s nas negociaçõe­s salariais de 2012 e 2015. No mesmo sentido, a imposição de um teto global para o cresciment­o da folha chegou a ser com uma reestrutur­ação de carreiras e remuneraçã­o. O processo de reforma será longo, como toda iniciativa desse tipo, mas, quanto mais cedo ele começar, menor será o custo da mudança. NELSON BARBOSA, @nelsonhbar­bosa

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