Doria inaugura hospital antes de terminá-lo
Pronto-socorro em Parelheiros só atenderá emergência e pacientes de outras unidades
A nove dias de renunciar ao cargo de prefeito para se candidatar ao governo estadual, João Doria (PSDB) inaugurou nesta quinta-feira (29) o Hospital Municipal de Parelheiros com obras ainda em andamento.
A unidade no extremo sul de São Paulo começou a ser construída há três anos, durante a gestão do ex-prefeito Fernando Haddad (PT).
Por enquanto, o novo pronto-socorro terá cinco especialidades: ortopedia, ginecologia, clínica médica, cirurgia geral e pediatria. A previsão é atender 600 pessoas por dia quando as obras forem finalizadas, até o fim de maio. Doria deve sair do cargo de prefeito até 7 de abril para ser candidato ao governo de SP.
O novo pronto-socorro não será porta aberta, ou seja, só atenderá pacientes encaminhados por outras unidades de saúde, como AMAs e UPAs, e urgências e emergências. Os casos menos graves continuarão sendo atendidos na AMA Parelheiros ou no pronto-socorro Balneário São José.
O modelo de atendimento no pronto-socorro foi criticado por moradores da região, que há décadas aguardavam pela conclusão das obras do hospital. O valor total investido foi de R$ 182 milhões.
A doméstica Antonia dos Santos, 58, disse que ficou decepcionada quando soube, nesta quinta. “Não foi essa a nossa campanha. Ficou muito lindo, mas queremos atendimento de porta aberta.”
A gestão Doria afirmou que, mesmo que o PS do novo hospital seja uma unidade referenciada, “todos os pacientes que buscarem atendimento em casos de urgência e emergência serão acolhidos”.
Após a inauguração do novo hospital, uma manifestação de alunos e professores no local terminou com pelo menos três feridos. Os estudantes queriam apresentar a Doria problemas nas escolas municipais de Parelheiros, mas se irritaram quando souberam que o prefeito tinha ido embora sem falar com eles.
Segundo testemunhas, começou um empurra-empurra, e guardas-civis usaram spray de pimenta para conter o tumulto. A prefeitura afirmou que “a ação dos integrantes da guarda será analisada”.