Folha de S.Paulo

Joaquim Barbosa

- CELSO ROCHA DE BARROS

QUANDO TODOS pareciam conformado­s que o outsider da eleição seria um deputado encostado que só aprovou um projeto em 30 anos de carreira, voltou com força a articulaçã­o em torno da candidatur­a de Joaquim Barbosa à Presidênci­a da República pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB).

Barbosa vinha sendo cortejado como vice dos sonhos por Marina Silva, Ciro Gomes e Luciano Huck. Qualquer uma das três candidatur­as receberia um grande impulso acrescenta­ndo o nome do ex-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) à chapa. Uma chapa que incluísse dois entre Ciro, Marina e Barbosa (ou mesmo Haddad) largaria como favorita para 2018. Uma candidatur­a de centro-esquerda que também fosse a candidatur­a próLava Jato por excelência seria um adversário formidável, mesmo para Lula. E Lula não estará na urna.

Barbosa sozinho não é tão forte: divide o eleitorado de centro-esquerda alianças neste ano, mas, sozinho, não é um partido grande. Barbosa, como Ciro, tem reputação de ter temperamen­to difícil, e o temperamen­to do candidato parece tão mais importante quanto mais faltem em sua coalizão aliados fortes que possam lhe fazer contrapeso.

Além disso, não sabemos o quanto do discurso da ética na política já foi sequestrad­o pela fraude bolsonaris­ta, quanto dele já se converteu irremediav­elmente em desânimo.

E não sabemos o quanto da política candidato, que seja para disputar o jogo político. Se a expectativ­a for de uma candidatur­a da pureza universal, é melhor nem começar. Se não for para discutir com o Congresso, melhor parar agora.

E, mesmo assim, seria um erro subestimar o candidato Joaquim Barbosa.

O PSB tem muito pouca máquina, mas não sabemos o quanto isso Mendes muito antes disso entrar na moda. Insuspeito de ser pau mandado dos petistas, foi contra o impeachmen­t.

Não é difícil imaginar que o entusiasmo inicial pela candidatur­a Barbosa o lance acima do patamar de 10% das intenções de voto, quando começaria a atrair voto útil contra Bolsonaro.

Resta saber se, depois de conquistar a atenção de todos, Barbosa teria o que dizer. Há um programa pronto para ele, para todos os candidatos de centro-esquerda: redistribu­ição com política econômica responsáve­l. Foi o que fez de Lula o Se não, será uma pena. Mais uma.

Pessoalmen­te, ainda preferia que as candidatur­as de esquerda e centro-esquerda não estivessem tão fragmentad­as. Mas, de qualquer forma, será uma vergonha se a centro-esquerda perder essa. Com Bolsonaro dividindo São Paulo? É gol aberto.

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