Inquéritos empacam na Argentina
DE BUENOS AIRES
Se o Peru adaptou leis para que as “delações premiadas” individuais fossem aceitas como recurso, acelerando o andamento das investigações, isso continua sendo um problema na Argentina, cuja legislação não contempla essa possibilidade.
Ou seja, mesmo que delações feitas no Brasil comprometam políticos argentinos, é necessário que uma ação judicial seja aberta aqui para prosperar. De todo modo, alguns casos têm vindo à tona.
O mais conhecido é o do chefe do serviço de inteligência do presidente Mauricio Macri, Gustavo Arribas. Segundo o delator Leonardo Meirelles, ele teria recebido 14 transferências num valor total de US$ 850 mil (R$ 2,8 mi), quando morava em São Paulo, onde atuava na compra e na venda de jogadores de futebol.
No ano passado, quando o caso veio à tona, Arribas foi convocado para prestar depoimento e disse que a delação era mentirosa, que ele havia recebido apenas US$ 70 mil (R$ 232,6 mil) pela venda de objetos pessoais.
Macri o defendeu na época e novamente há pouco, quando o assunto voltou à tona. Arribas foi absolvido em 2017.
Segundo a Folha apurou, a Justiça argentina ainda não recebeu a lista dos argentinos envolvidos nos casos de subornos.
A expectativa é de que um dos nomes que constarão da relação seja o de Julio De Vido, ministro do Planejamento de Néstor e Cristina Kirchner (2003-15) e que comandou as licitações de obras públicas.
De Vido está preso, mas por causa de um caso de desvio de dinheiro destinado a um projeto de mineração.
(SC)