Folha de S.Paulo

A companhia está em processo

- THIAGO AMÂNCIO

Um novo sistema de compartilh­amento de bicicletas vai colocar 20 mil bikes nas ruas de São Paulo a partir de julho. A novidade: elas não ficarão presas a estações, como nos modelos existentes hoje na cidade, e sim soltas.

Isso significa que uma pessoa pode pegar qualquer bicicleta do sistema que esteja na rua e depois também pode deixá-la em qualquer lugar.

No modelo, chamado “dockless” (sem estação), popular na China e também existente em cidades europeias, as bicicletas ficam travadas na rua, e os usuários podem liberá-las por meio de um aplicativo para celular.

Quem traz a iniciativa para São Paulo é a Yellow, empresa fundada por ex-executivos da Caloi e da 99 Táxis.

As bicicletas são feitas para aguentar o impacto do uso constante. Os quadros são de aço (mais baratos e mais resistente­s), e o pneu é maciço, sem câmara de ar, o que reduz o custo com manutenção, já que ele não fura.

A ideia é que as bicicletas sejam usadas em trechos curtos, de 1 a 2 km, para complement­ar o transporte público, como integração entre a casa do usuário e a parada de ônibus ou a estação de metrô.

Por isso, o sistema vai começar com mais força pelo centro expandido, em saídas de estações de trem e metrô. Mas a ideia é também alcançar as periferias da cidade.

Carros farão a redistribu­ição das bicicletas no começo, mas “o sistema se balanceará sozinho”, aposta Eduardo Musa, ex-dono da Caloi, hoje à frente da Yellow.

Os usuários pagarão pelo uso das bikes. Ainda não há um preço definido, mas Musa diz que “deve ser bem mais em conta” que a tarifa do transporte público, hoje em R$ 4, já que a ideia é usar a bicicleta como um complement­o.

Haverá ainda um sistema de preço dinâmico, que fica mais caro ou barato de acordo com a demanda, como acontece na Uber. O pagamento poderá ser feito por cartão bancário, Bilhete Único e até pela fatura do celular do usuário, entre outros. CADASTRO de cadastro com a Prefeitura de SP e a expectativ­a é de que consiga essa autorizaçã­o ainda nesta semana.

Não deve ter dificuldad­es, já que a gestão João Doria (PSDB) abriu espaço no fim do ano passado para cadastrar empresas que oferecem o serviço com e sem estações, num esquema também similar ao da Uber: sem licitação nem exclusivid­ade, desde que a companhia siga regras determinad­as, como compartilh­ar informaçõe­s sobre deslocamen­tos com o poder público e aceitar pagamento com o Bilhete Único.

A resolução publicada pela prefeitura estabelece também, entre outras coisas, que as empresas devem exigir a devolução das bicicletas em locais que não interfiram na circulação de pedestres.

Esse é um dos principais desafios do sistema, sobretudo em uma cidade carente de calçadas acessíveis.

A empresa apostará na “gamificaçã­o” (uso da lógica de jogos) para premiar usuários que deixarem as bikes em locais predefinid­os pela empresa — onde há espaço suficiente para não atrapalhar os pedestres, como em praças.

Outros desafios são os roubos e depredaçõe­s. Para isso, a Yellow acredita em três fatores. Primeiro, que a alta quantidade de bicicletas nas ruas vai coibir os crimes. “Os

EDUARDO MUSA

CEO e um dos fundadores da Yellow, empresa que instalará o sistema de bikes compartilh­adas em São Paulo

Quanto mais bicicleta você colocar na rua, mais o poder público vai querer colocar malha viária, e mais gente vai se sentir segura em andar de bicicleta

 ?? Divulgação/Yellow ?? Bikes serão destravada­s por meio de aplicativo de celular; pagamento também poderá ser feito com Bilhete Único Para evitar roubos, bicicleta da Yellow não terá marchas e contará com GPS, pneu sem câmara de ar e selim antifurto
Divulgação/Yellow Bikes serão destravada­s por meio de aplicativo de celular; pagamento também poderá ser feito com Bilhete Único Para evitar roubos, bicicleta da Yellow não terá marchas e contará com GPS, pneu sem câmara de ar e selim antifurto

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil