O que mais falta é treino
VIROU ROTINA ouvir que há dois esportes diferentes, o futebol praticado no Brasil e o que se vê nas grandes ligas na Europa. Por mais que seja importante ressaltar que o velho continente não inclui apenas o Campeonato Inglês, o Alemão e o Espanhol. Em Portugal, o técnico do Benfica, Rui Vitória, reclama por participar do torneio europeu com menor tempo de bola rolando (53%).
A vitória por 1 a 0 do Palmeiras sobre o Corinthians teve 54%.
O que chamou a atenção na diferença entre a final paulista e os principais jogos de Inglaterra e Espanha, no fim de semana, não foi o tempo de bola em jogo, mas as trocas de passes.
Lucas Lima, o principal armador do Palmeiras, deu 34 passes e errou três. O Manchester City venceu o
NA DEFESA
Everton por 3 a 1 no sábado e Fernandinho foi quem mais tocou na bola: 172 vezes. Errou duas. Palmeiras teve mais posse de bola do que seu adversário em 14 de seus 18 jogos no ano, mas ficou com o controle do jogo apenas 36% do tempo, em Itaquera. Melhor comparar Fernandinho com Balbuena, o maior passador do Dérbi.
Em Itaquera, ninguém tocou mais na bola do que o zagueiro paraguaio, autor de 99 passes e oito erros. Quer dizer que quem mais trocou passes no Dérbi tocou na bola 43% menos do que Fernandinho.
A comparação é menos assustadora quando se analisa o clássico
NO ATAQUE
Equivocou-se em 8 de seus 84. O Barcelona teve 60% com a bola, o Corinthians 64%. Mas a referência corintiana não estava no meio de campo, o setor vital, como no Barça. Estava na zaga.
Aqui há um mérito do Palmeiras, que não deixou os meias corintianos jogarem. Se o Sevilla não conseguiu bloquear o passe de Rakitic e o meio de campo, o Palmeiras impediu a saída de Maycon, acompanhado ferozmente por Lucas Lima. equipe com maior número de troca de passes.
No Brasil, historicamente ganham os campeonatos os times que mais finalizam, não os que mais controlam o jogo com a bola no pé. Mesmo assim, é um escândalo perceber que o meia-armador do Palmeiras tocou na bola apenas 20% do que Fernandinho fez no mesmo dia.
A questão não parece ser outro esporte, mas outra cultura. Enquanto Guardiola sobreviveu a uma temporada inteira, quatro competições e nenhuma taça, Roger Machado é o quarto técnico do Palmeiras, no e o maior número possível de passes. Se conseguisse isso depois de 18 jogos em 72 dias seria um milagre.
No dia 2 de abril de 2017, exatamente um ano atrás, o Manchester City estava em quarto lugar no Campeonato Inglês. Jogou em Londres contra o Arsenal, empatou por 2 a 2, teve 56% de posse de bola e seu melhor passador também foi Fernandinho. Só que, em vez de 172 passes, o meia brasileiro tocou na bola 65 vezes.